Quanto mais se sabe sobre a memória, melhor se compreende como melhorá-la. Neste artigo você terá uma visão geral básica de como sua memória funciona e de que maneira os efeitos do envelhecimento afetam sua capacidade de lembrar.
O primeiro choro de seu filho, o gosto dos biscoitos de polvilho da sua avó, o cheiro da brisa do oceano. São esse tipos de memórias que formam a experiência contínua de sua vida - elas oferecem uma percepção de personalidade. São elas que fazem você se sentir confortável com pessoas e lugares familiares, conectam seu passado com seu presente e oferecem uma estrutura para o futuro. De certa maneira, é nosso conjunto de memórias coletivas - nossa "memória" como um todo - que nos torna quem somos.
A maioria das pessoas fala sobre a memória como se ela fosse parte de seu corpo. Mas a memória não existe da mesma forma que o corpo - não é algo que se pode tocar. É um conceito que se refere a um processo de lembranças.
No passado, muitos especialistas ficavam satisfeitos em descrever a memória como um tipo de pequeno gabinete de arquivo para pastas de memórias individuais em que as informações eram armazenadas. Outros relacionavam a memória a um supercomputador neural preso ao couro cabeludo humano. Porém, atualmente, os especialistas acreditam que a memória é muito mais complexa e difícil de se compreender - e que ela não está localizada em um determinado local do cérebro por ser um processo que ocorre em todo o cérebro.
Você se lembra do que comeu no café da manhã de hoje? Se a imagem de um grande prato de ovos fritos e bacon surgiu na sua mente, você não a pescou de algum corredor neural fora de rumo. Em vez disso, essa memória foi o resultado de um poder construtivo incrivelmente complexo (um poder que cada um de nós possui) que remontou impressões de memória dispersas a partir de um padrão de células distribuídas em todo o cérebro parecido com uma rede. Sua memória é realmente formada por um grupo de sistemas em que cada um tem um papel diferente na criação, no armazenamento e na lembrança dessas memórias. Quando o cérebro processa as informações normalmente, todos esses sistemas diferentes trabalham perfeitamente em conjunto para fornecer um pensamento coeso.
O que parece ser uma única memória é, na verdade, uma construção complexa. Se pensar em um objeto - digamos, uma caneta - o cérebro lembra do nome do objeto, seu formato, sua função, o som que faz quando desliza sobre o papel. Cada parte da memória do que é uma "caneta" vem de uma região diferente do cérebro. A imagem inteira dessa caneta é ativamente reconstruída pelo cérebro a partir de muitas áreas diferentes. Os neurologistas estão apenas começando a entender como as partes são remontadas em uma peça coerente.
Se você estiver andando de bicicleta, a memória de como operar a bicicleta surge a partir de um conjunto de células cerebrais. A memória de como ir de um lugar a outro vem de outro bloco, a memória de regras de segurança ao se andar de bicicleta vêm de outro e aquele sentimento de apreensão que se tem quando um carro faz uma curva perigosamente perto de você, vem de um outro bloco. Ainda assim, você nunca está consciente dessas experiências mentais separadas, nem que elas estão todas vindo de partes diferentes de seu cérebro porque elas trabalham harmoniosamente juntas. Na verdade, os especialistas nos dizem que não há uma distinção sólida entre como você lembra e como você pensa.
Isso não significa que os cientistas descobriram exatamente como o sistema funciona. Eles ainda não compreendem exatamente como você se lembra ou o que ocorre durante a lembrança. A pesquisa sobre como o cérebro organiza as memórias e onde essas memórias são adquiridas e armazenadas tem sido, por décadas, uma busca interminável entre os pesquisadores. Ainda assim, há informações suficientes para fazer algumas suposições. O processo da memória começa com a codificação, em seguida, passa para o armazenamento e, eventualmente, pela recuperação.
Na próxima postagem, você irá aprender como a codificação funciona e qual é a atividade do cérebro envolvida na recuperação de uma memória.
NOS LABIRINTOS DA MEMÓRIA.
Entenda o mecanismo que permite à massa cinzenta conservar cada lembrança.
Entenda o mecanismo que permite à massa cinzenta conservar cada lembrança.
1. A história começa com os cinco sentidos, que captam do ambiente diversas informações. A beleza e o sabor de uma fatia de bolo de aniversário, por exemplo. Esses estímulos são transportados por vias nervosas até regiões do cérebro capazes de assimilá-los, especialmente a porção mais superficial, o córtex.
2. As informações são fixadas por meio de conexões entre os neurônios. Elas se transformam em memória para valer assim que passam pelo hipocampo, estrutura responsável por um arquivamento temporário das lembranças. Ali, para seguir nosso exemplo, é registrada a imagem do parabéns.
3. A partir do hipocampo, as ligações entre os neurônios ficam mais fortes e a memória passa a se consolidar. Nessa fase, ela migra para áreas do córtex próximas de onde foram apreendidas. Espalhadas nessa região estão nossas recordações mais antigas. E é provavelmente lá que se alojará a lembrança do bolo de 15 anos.
Pesquisadores americanos descobriram uma maneira de bloquear lembranças que causam medo, abrindo caminho a novos tratamentos para stress.
As descobertas se basearam em estudos preliminares com ratos, os quais mostraram que reativar a memória (exibindo objetos que estimulam uma lembrança desagradável, por exemplo) abre uma "janela no tempo" específica por meio da qual as lembranças podem ser editadas antes de serem armazenadas novamente.
Estudos anteriores haviam revelado que drogas podem ser usadas para bloquear lembranças desagradáveis, mas os efeitos não duravam muito tempo."Antes de que as lembranças sejam armazenadas, existe um período durante o qual elas ficam suscetíveis e podem ser eliminadas", explicou Elizabeth Phelps, da Universidade de Nova York, que publicou a pesquisa no jornal Nature.
Phelps e seus colegas basearam sua pesquisa em análises de ratos segundo as quais lembranças podem ser modificadas, mas apenas durante um período específico após os ratos terem sido expostos a objetos que estimulam a memória.
Essa "janela de suscetibilidade" surge normalmente entre 10 minutos após à exposição a estímulos da memória e seis horas mais tarde, quando o cérebro novamente guarda a lembrança.
Os pesquisadores em seguida aplicaram essas descobertas em pessoas. Primeiro, eles criaram uma lembrança desagradável, mostrando aos voluntários um quadrado azul e então lhes submetendo a um choque leve.
Depois de criarem a memória incômoda, simplesmente exibiam novamente o quadrado azul, que estimulava a lembrança do choque.
A equipe esperou 10 minutos e começou o "tratamento", mostrando o quadrado azul repetidamente aos voluntários sem lhes aplicar o choque.
Phelps explicou que a espera de 10 minutos para o início do tratamento influenciou muito na eficácia da eliminação da lembrança desagradável.
Um segundo grupo de voluntários que receberam o tratamento antes do final do intervalo de 10 minutos continuaram apresentando comportamento medroso e incomodado quando foram expostos ao quadrado azul.
Quando os pesquisadores reviram os voluntários após um ano, o grupo que recebeu o tratamento adequadamente não apresentou nenhum tipo de receio em relação ao quadrado azul. Mas os que não haviam sido submetidos ao tratamento tiveram uma reação nervosa.
Phelps ressaltou que um importante aspecto do estudo é identificar o período específico durante o qual o cérebro está suscetível.
Ela explicou que essas são as primeiras descobertas do tipo em seres-humanos e alertou que elas ainda não devem ser usadas para tratar pessoas com sérios problemas de ansiedade.
"Fizemos um teste com um quadrado azul e um choque leve. Mas lembranças realmente desagradáveis são muito mais complexas e intensas do que isso", esclareceu Phelps.
Entretanto, a pesquisadora afirmou que a descoberta cria a possibilidade de desenvolver tratamentos para ajudar as pessoas a superar dificuldades emocionais.
A memória é uma das funções mentais e tipos de atividade mental direcionada parapreservar, armazenar e reproduzir informações.
Graças à memória usamos em nossa vida cotidiana nossa própria experiência e a de gerações prévias. É possível melhorá-la? Do que ela depende? Vamos tentar responder a estas perguntas.
Fatos interessantes sobre a memoria
Memória de curto prazo e de longo prazo
A memória tem dois componentes – curto prazo, ou operacional, e longo prazo. Estudantes conseguem “carregar” em suas memórias muitas informações que somem logo após a prova. Pacientes sofrendo do chamado esquecimento senil se lembram em detalhes de eventos que ocorreram na primeira infância ou há muitos anos atrás, mas são incapazes de manter na mente o que ocorreu meia hora atrás.
Memória Fenomenal
As possibilidades da memória são ilimitadas. Acredita-se que um adulto possa lembrar de vinte a cem mil palavras. Algumas pessoas possuem uma memória fenomenal. Alexandre o Grande foi capaz de lembrar os nomes de todos os seus soldados. Mozart foi capaz de tocar e transcrever uma melodia que escutou uma única vez. Depois de ouvir o “Miserere” Allegri (em 9 partes), ele conseguiu escrever de memória toda a partitura desta composição musical, mantido em segredo pelo Vaticano. Depois da segunda audição, Mozart encontrou em sua gravação algumas notas erradas. Um condutor italiano, Arturo Toscanini, possuia a mesma memória musical e lembrou cada nota de 400 partituras. Winston Churchill sabia de coração quase todos os trabalhos de Shakespeare. Dominic O’Brien, um mnemonista britânico e autor de livros relacionados a memória, era capaz de lembrar a localização do cartão da embalagem inteira em 38 segundos. Bill Gates lembra de centenas de códigos da linguagem de programação projetada por ele.
O Cérebro Humano Começa a Lembrar Desde o Útero
De acordo com cientistas, a memória do feto humano começa a trabalhar 20 semanas depois da concepção. Durante testes, um sinal acústico foi enviado pelo abdômen da mãe, e então um scanner ultrassônico foi usado para examinar a reação do feto. Foi encontrado que o feto responde ao som, movendo levemente o corpo ou as pernas. Quando era enviado um sinal 10 minutos ou até mesmo um dia depois, o feto era capaz de reconhecer facilmente o som familiar. Cientistas acreditam que em princípio uma pessoa pode lembrar o que esteve acontecendo com ele no útero.
A Memória é Individual
A memória é influenciada por vários fatores. Algumas pessoas lembram melhor o que viram, outras – o que elas ouviram. Estes são os fenômenos da memória visual e auditiva.
É um fato bem conhecido que sentimentos desempenham um papel importante em lembrar coisas. Em um estado de excitação emocional, a memória às vezes pode trazer coisas, esquecidas há muito tempo atrás.
A motivação é muito importante também. Se uma pessoa que se considera totalmente incapaz de aprender línguas se encontrar em uma situação estressante em um país estrangeiro, ela rapidamente aprende a língua.
Em muitos aspectos, a habilidade de memorizar depende de habilidades de aprendizagem. Cientistas britânicos usaram um scanner especial para examinar o lobo frontal do cérebro (que nos da informações sobre a posição do corpo no espaço) de motoristas de táxi e pessoas de outras profissões. Foi encontrado que os motoristas de táxi tem ele muito mais desenvolvido. De fato, quanto melhor um motorista conhecer a cidade e menor o caminho ele consegue encontrar para viajar de um lugar para outro, maior é o tamanho do lobo frontal do seu cérebro. O volume da matéria cinzenta não muda, ele só é distribuido de maneira diferente.
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