A pele é o maior órgão do corpo, com uma superfície médica de 1,8 m2 nos adultos. A pele é muito sofisticada, sendo capaz de manter o organismo na temperatura ideal independente da condição ambiental externa, além de evitar a desidratação. Para desempenhar suas funções, a pele está constantemente eliminando as células velhas e criando novas, o que permite sua própria regeneração e reparo, quando danificada. É esse processo de reparo que pode forma uma cicatriz.
Pode-se definir a cicatriz como o resultado da reparação do tecido que após um ferimento, como cortes cirúrgicos, queimaduras, traumas ou acidentes, doenças da pele, acne ou infecções. Esse processo fisiológico começa após a lesão e tem como finalidade a formação de um novo tecido.
A cicatrização é um processo complexo que resulta na formação de um tecido novo para o reparo da pele. Uma evolução normal das fases de cicatrização em um indivíduo hígido geralmente determina uma cicatriz final de bom aspecto estético e funcional. Qualquer interferência nesse processo pode levar à formação de cicatrizes de má qualidade, alargadas e pigmentadas, merecendo destaque o quelóide e a cicatriz hipertrófica.
Didaticamente, a cicatrização pode ser dividida em três fases subseqüentes: (1) fase inflamatória; (2) fase proliferativa e (3) fase de maturação.
A principal função da (1) fase inflamatória é a limpeza da ferida, removendo tecidos mortos e microrganismos. Esta fase se inicia logo após o ferimento, com a formação de uma rede de fibrina (parte do mecanismo de coagulação) e com a migração de células de defesa, os neutrófilos e linfócitos.
Na fase proliferativa (2) ocorre o início da recuperação das estruturas lesionadas, com a migração de fibroblastos, células produtoras de colágeno, que provocarão sua deposição na ferida. O colágeno é uma substância que permite uma união fibrosa entre as duas superfícies da ferida. Na fase proliferativa também há a formação de novos vasos sangüíneos ao redor da ferida, processo chamado de neoangiogênese, para fornecer nutrientes e estimular o crescimento do novo tecido. Durante as próximas duas semanas a multiplicação das células epiteliais e o acúmulo de colágeno permitem uma aderência cada vez mais resistente à zona lesada. Esta fase se inicia no segundo dia e se completa em torno do décimo quinto dia.
A fase de maturação (3) é responsável pelo aspecto final da cicatriz e pode demorar seis meses ou mais. Nesta fase, o colágeno é transformado em tecido de granulação e os queratinócitos (células que produzem queratina) provocam a epitelização. A epitelização é a formação de uma camada de pele muito sensível, que veda a ferida protegendo-a dos microrganismos e da perda de líquidos.
É importante salientar que todo este processo de cicatrização tem variáveis individuais, que dependem de fatores genéticos e ambientais. Em alguns casos pode ocorrer a formação de cicatriz anormal ou patológica, como quelóide e cicatriz hipertrófica.
A cicatrização pode ser influenciada por fatores locais ou sistêmicos
Fatores Locais
- Feridas contaminadas e presença de corpos estranhos;
- Materiais, técnicas de sutura e curativos inadequados;
- Excesso de tensão e aproximação inadequada das bordas da ferida;
- Áreas de tração ou pressão mecânica;
- Dimensão e profundidade da lesão;
- Infecção local.
Fatores Sistêmicos
- Idade;
- Estado nutricional, como anemia;
- Tabagismo;
- Diabetes mellitus;
- Doenças vasculares;
- Distúrbios hormonais;
- Câncer;
- Uso de medicamentos como corticoides, anticoagulantes.
As cicatrizes podem ser classificadas em:
- Normotróficas
- Atróficas
- Hipertróficas
- Quelóides
A cicatrização é considerada normotrófica quando a pele adquire o aspecto de textura e consistência anterior ao trauma.
A cicatriz é denominada atrófica quando sua maturação não ocorre conforme o esperado.
A cicatriz hipertrófica ocorre quando o colágeno é produzido em quantidade normal, mas a sua organização é inadequada, oferecendo aspecto não harmônico. A cicatriz respeita o limite anatômico da pele.
Queloide. O que é e como se forma
Os queloides são o crescimento em excesso do tecido de cicatrização no local de um ferimento já curado. Também é chamado de Cicatriz hipertrófica; Cicatriz de queloide; Cicatriz – hipertrófica.
Os queloides podem surgir de ferimentos na pele como:
- Acne;
- Queimaduras;
- Varicela;
- Furos nas orelhas;
- Pequenos arranhões;
- Cortes cirúrgicos;
- Feridas traumáticas;
- Locais de vacinação.
Eles são bastante comuns em mulheres jovens e pessoas afro-americanos. Os queloides geralmente são genéticos. Queloidose é o termo usado quando muitos ou repetidos queloides ocorrem.
Uma lesão na pele que:
- Pode ser vermelha, rosada ou ter cor de pele;
- Está sobre o local de um machucado ou ferimento;
- Apresenta protuberâncias (nódulos) ou sulcos;
- A lesão pode coçar enquanto estiver se formando e crescendo.
O diagnóstico é feito com base na aparência da pele ou da cicatriz. Uma biópsia da pele pode ser necessária para descartar outras formações que ocorrem na pele (tumores).
Os queloides geralmente não precisam de tratamento.
O tamanho deles pode ser reduzido com:
- Injeções de corticosteroides;
- Pressão externa;
- Congelamento (crioterapia);
- Tratamentos a laser;
- Radiação;
- Remoção cirúrgica.
Os queloides geralmente não representam risco à saúde, mas podem afetar a aparência. Em alguns casos, eles podem diminuir, ficar mais lisos e menos visíveis após muitos anos. A exposição ao sol durante o primeiro ano após a formação do queloide fará com que ele fique mais escuro do que a pele ao seu redor. Essa cor mais escura pode ser permanente.
A remoção do queloide pode não ser permanente. A remoção cirúrgica pode produzir uma cicatriz de queloide ainda maior.
Complicações:
- Alterações estéticas que afetam a aparência;
- Desconforto, sensibilidade no queloide;
- Irritação pelo atrito com as roupas ou outras formas de fricção;
- Limitação da mobilidade (se os queloides forem extensos);
- Estresse psicológico se o queloide for grande ou desfigurador;
- Retorno do queloide.
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