quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Diferenças de afeto, emoção e sentimento:

Afeto
. Os afetos têm a ver com aquilo que nos afeta, são algo de que somos dotados;
. São tendências para responder positiva ou negativamente a experiências emocionais relacionadas com as pessoas ou objetos;
. Ter afetos é ser dotado da capacidade de dar e de receber, de amar e de ser amado, de perturbar e de ser perturbado, por exemplo.
. Os afetos exprimem-se através das emoções e têm uma ligação especial com o passado, com as experiências e vivências com as pessoas, objetos  ambientes e ideias. As emoções estão ligadas essencialmente a situações presentes.
. Exprimem-se em sentimentos e emoções;
Emoção
. Tem origem numa causa, num objecto;
. São reações corporais específicas, observáveis;
. São publicas e voltadas para o exterior;
. São automáticas e inconscientes;
. Polaridade: podem ser negativas ou positivas;
. São versáteis: variam em intensidade e são de breve duração;
. Relacionam-se com o tempo: as emoções têm princípio e fim;
Sentimento
. Não são observáveis, são privados e relacionam-se com o interior
. Prolongam-se no tempo e são de menor intensidade de expressão que as emoções;
. Não se associam a nenhuma causa imediata;
. Surgem quando tomamos consciência das nossas emoções;
Diferença entre sentimento e emoção, segundo Antonio Demasio:
. Usualmente, emoção e sentimento surgem como sinônimos  mas segundo António Damásio, a relação entre ambos é muito estreita.
. Segundo António Damásio, a emoção é um conjunto de reações corporais, automáticas e inconscientes, face a determinados estímulos provenientes do meio onde estamos inseridos.
. O sentimento surge quando tomamos consciência das nossas emoções, isto é, o sentimento dá-se quando as nossas emoções são transferidas para determinadas zonas do nosso cérebro, onde são codificadas sob a forma de atividade neuronal.
Componentes das emoções:
. Componente cognitiva - Ocorre quando tomamos conhecimento do facto: se não houver conhecimento deste, não se experimenta qualquer emoção;
. Componente avaliativa - Fazemos uma avaliação, agradável ou desagradável, da situação;
. Componente fisiológica - Manifestações orgânicas, corporais face à emoção;
. Componente expressiva - Expressões corporais que permitem mostrar ao outro as nossas emoções;
. Componente comportamental - Comportamento que o sujeito poderá ter face ao outro, é o estado emocional que desencadeia determinado conjunto de comportamentos;
. Componente subjectiva - Relaciona-se com o que o indivíduo sente a nível emocional e interior a que só ele tem acesso, ou seja, é o estado afetivo associado à emoção.
Perspectivas/teorias das emoções: 
Perspectiva Evolutiva
Segundo Charles Darwin
. Darwin procurou traços comuns na expressão de emoções em vários povos, e identificou seis emoções primárias ou universais: a alegria, a tristeza, a surpresa, a cólera, o desgosto e o medo;
. Considerou que as emoções têm um papel adaptativo fundamental na história da espécie humana, sendo determinante para a sua capacidade de sobrevivência.

Segundo Ekman
. Mais tarde Ekman investigou tentando procurar uma tese que defendo que povos diferentes teriam emoções diferentes;
. Confirmou a tese de Darwin: há emoções que são universais, independentes do processo de aprendizagem e da cultura em que se manifesta;
. Não nega a influência da cultura nas emoções, na medida em que há regras que controlam a sua expressão. Porem, existe um património comum ao nível das emoções e da sua expressão.
Perspectiva Fisiológica
. Defendida por Willians James, que considerava que as emoções resultariam da consciência das mudanças orgânicas provocadas por determinados estímulos;
. As emoções resultam das percepções do estado do corpo, das mudanças orgânicas provocadas por estímulos.
. O estado de consciência de emoções como a cólera, a alegria, a raiva, resume-se à consciência de manifestações fisiológicas
Perspectiva Cognitivista
. Afirmam que os processos cognitivos, como as percepções, recordações e aprendizagens, são fundamentais para se perceberem as emoções;
. A forma como representamos uma dada situação, como a avaliamos é que desencadeia ou não determinada emoção;
Perspectiva Culturalista
. As emoções são processos aprendidos no processo de socialização;
. Consideram que as emoções são uma construção social, que tem que ser aprendidas;
. As diferentes sociedades e culturas definem o tipo de emoções que se podem manifestar e como as manifestar;
. A sua forma de expressão varia de cultura para cultura, dependendo assim do espaço e do tempo;
. Nega a existência de emoções universais: à diversidade cultural corresponde uma diversidade de emoções e das respectivas expressões
Relação entre razão e emoção, segundo Antonio Damásio
. Ao contrário do que durante muito tempo se pensou, as emoções e os sentimentos não são um obstáculo ao funcionamento da razão; estão envolvidos nos processos de decisão, segundo a perspectiva de António Damásio;
. O investigador chama a atenção para o facto de que se fosse apenas a razão a participar nos processos de decisão, seria muito complicado tomar uma decisão;
. A análise rigorosa de cada uma das hipóteses levaria tanto tempo que a opção escolhida deixaria de ser oportuna, ou então, perder-nos-íamos nos cálculos das vantagens e das desvantagens.
. Segundo o próprio autor, “a emoção bem dirigida parece ser o sistema de apoio sem o qual o edifício da razão não pode funcionar eficazmente”;
. A tomada de decisão é suportada por duas vias complementares:
- Representação das consequências de uma opção disponibilizada pelo raciocínio: avaliação da situação, levantamento das opções possíveis, comparações lógicas, etc.;
- A percepção da situação provoca a ativação de experiências emocionais experimentadas anteriormente em situações semelhantes
. Damásio remete para o conceito de Marcador somático: mecanismo automático que suporta as nossas decisões. Permite-nos decidir eficientemente num curto intervalo de tempo. Atua como um sinal de alarme automático que diz: atenção ao perigo decorrente da escolha de determinada ação  Este sinal protege-nos de prejuízos futuros, sem mais hesitações, permitindo-nos escolher uma alternativa entre as várias. Os marcadores somáticos aumentam provavelmente a precisão e a eficiência do processo de decisão.
Conclusão:
. Sem emoção, ficaríamos impossibilitados de fazer as escolhas mais simples.
. É nas áreas pré-frontais que se faz a associação entre uma situação complexa e o estado emocional associado a esse tipo de situações (experiências pessoais anteriores). Existe, assim, uma ligação entre o tipo de situação e o estado somático (corpo) que atua como sinal de alarme ou como sinal de incentivo, podendo levar à rejeição ou adoção de uma opção. O nosso pensamento tem necessidade das emoções para ser eficaz.


Afetos, Sentimentos e Emoções





Afeto:
Afeto é o atributo psíquico que dá valor e representação à realidade. Os afetos valorizam tudo aquilo que está fora de nós, como os factos e os acontecimentos, bem como aquilo que está dentro de nós (causas subjectivas), tal como os nossos medos, os nossos conflitos e anseios. O afeto valoriza também os factos e acontecimentos do nosso passado e as nossas perspectivas em relação ao futuro. 
Existem diversos factores e acontecimentos que fazem alterar a forma como percepcionamos a realidade, por exemplo um indivíduo com uma depressão vê o mundo de uma forma triste e sente-se pior do que de facto é, isso produz insegurança e baixa da auto-estima. Neste caso, os afetos têm uma representação negativa da própria pessoa. 
O transtorno afetivo mais típico é a depressão com todo o seu quadro clínico conhecido.
Os quadros ansiosos do tipo pânico, fobias e somatizações também têm como fundo alterações da afetividade  Para entender a afetividade é necessário compreender antes alguns elementos do mundo psíquico: as representações, as vivências e os sentimentos. Durante toda a nossa vida, os factos ou acontecimentos vividos por nós são as experiências de vida e passam a fazer parte da nossa consciência. Dos factos e acontecimentos teremos lembranças e sentimentos, assim como também teremos lembranças desses sentimentos, portanto, lembrar-nos-emos não apenas das nossas experiências de vida mas também se elas foram agradáveis ou não, aprazíveis ou não. 

Sentimento:
Sentimentos, de forma genérica, são informações que seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam. 
Por exemplo, medo é uma informação de que há risco, ameaça ou perigo direto para o próprio ser ou para interesses correlatos.
A empatia é informação sobre os sentimentos dos outros. Esta informação não resulta necessariamente na mesma reação entre os receptores, mas varia, dependendo da competência em lidar com a situação, e como isso se relaciona com experiências passadas e outros fatores.
O sistema límbico é a parte do cérebro que processa os sentimentos e emoções. A medicina, biologia, filosofia e a psicologia estudam o sentimento humano.

Valores inatos
Abraham Maslow, professor de Harvard, comentou que todos os seres humanos nascem com um senso inato de valores pessoais positivos e negativos. Somos atraídos por valores pessoais positivos tais como justiça, honestidade, verdade, beleza, humor, vigor, poder (mas não poder abusivo), ordem (mas não preciosismo ou perfeccionismo), inteligência (mas não convencimento ou arrogância). Da mesma forma, somos repelidos por injustiça, morbidez, feiura  fraqueza, falsidade, engano, caos etc. Maslow também declara que valores pessoais positivos são definíveis somente em termos de todos os outros valores pessoais positivos - em outras palavras, não podemos maximizar qualquer virtude e deixar que ela contenha quaisquer valores pessoais negativos sem repulsa.
Por exemplo, a beleza que está associada com o engano se torna repulsiva. A justiça associada com a crueldade é repulsiva. Esta capacidade inata de sentir atração ou repulsão é o fundamento da moralidade - em outras palavras, sentimentos bem entendidos formam a capacidade interior com a qual nascemos para chegar ao que pensamos ser bom/mau e certo/errado.
Este ponto de vista contrasta agudamente com alguns ensinamentos extremistas de algumas religiões e ideais políticos, que querem estabelecer o que é moral - que os humanos nascem num vácuo moral e que é somente a autoridade quem pode dizer aos seres humanos o que é certo e errado. A exploração extremista dos sentimentos aumenta na medida em que os sentimentos não são apenas distingüidos, mas mesmo separados do pensamento crítico.
Algumas religiões, entretanto (algumas correntes atuais do cristianismo), acreditam que o ser humano nasce com princípios morais a ele inatos, e nele colocados por Deus. E que a "imagem e semelhança" ao Deus criador, citada no livro de Génesis da Bíblia cristã, se referiria na verdade à imagem e semelhança moral a esse Deus criador, e não à aparência física do Deus cristão. Chegando a uma conclusão próxima à de Abraham Maslow, porém não científica.

Disposição mental
Atualmente o termo sentimento é também muito usado para designar uma disposição mental, ou de propósito, de uma pessoa para outra ou para algo. Os sentimentos assim, seriam ações decorrentes de decisões tomadas por uma pessoa.
Por exemplo, o amor não é o conjunto de emoções (sensações corporais) que a pessoa sente por outra ou algo, mas o ato de sempre decidir pelo bem ou a favor de outrem ou algo, independente das circunstâncias. As sensações físicas sentidas surgem como consequência da decisão de amar. Este sentimento é chamado por muitos estudiosos como ágape, ou amor ágape. Já as sensações que a atracão física que uma pessoa sente por outra produzem em alguém, não podem ser chamadas de amor, ou de algum tipo de sentimento, mas apenas emoções (sensações corporais), consequentes do instinto que levou essa pessoa a sentir atracão física pela outra.
Nesta concepção, um sentimento é uma decisão (disposição mental) que alguém toma em sua mente, ou alma, ou espírito, a respeito de outrem ou algo. Por este conceito, toda e qualquer palavra que denota emoções quando usada, pode ser classificada como sentimento quando se refere a algo que podemos ou não escolher fazer (se é um ato pode-se cometê-lo ou não, não é um instinto fora do controle da consciência) ou seja, que possua uma forma verbal. 
Exemplos:
• Amor - Amar (pode-se ou não cometer o ato de amar, a si mesmo, a outrem
ou a algo); 
• Ódio - Odiar (pode-se ou não cometer o ato de odiar, a si mesmo, a outrem
ou a algo); 
• Alegria - Alegrar (pode-se ou não cometer o ato de alegrar, a si mesmo, a
outrem ou a algo); 
• Tristeza - Entristecer (pode-se ou não cometer o ato de entristecer, a si
mesmo, a outrem ou a algo); 
• e outros... 
Estes sentimentos (estas decisões ou disposições mentais), porém, vão promover emoções no corpo que, estas sim, serão sentidas. Por isso, uma pessoa que ama outra, por haver tomado essa decisão de amar essa outra, mesmo depois de sofrer algum mal cometido pela pessoa amada, pode continuar amando-a, muitas vezes sem entender como pode amar ao mesmo tempo que sente a emoção característica do momento da ira, ou da dor da traição, ou alguma outra emoção que, racionalmente, poderia conduzir a pessoa que ama a querer deixar de amar.
Um problema que pode confundir o entendimento nesta concepção do que é sentimento, é o fato de que, geralmente, os nomes usados para se referir a um sentimento, também são os mesmos usados pra se referir às emoções mais características destes mesmos sentimentos..
Emoção, numa definição mais geral, é um impulso neural que move um organismo para a ação  A emoção se diferencia do sentimento, porque, conforme observado, é um estado neuropsicofisiológico (Freitas-Magalhães, 2007).
O sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através dos centros cognitivos do cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica em acréscimo à mudança psico-fisiológica. 

Emoções:
Etimologia
Etimologicamente, a palavra emoção provém do Latim emotionem, "movimento, comoção, ato de mover". É derivado tardio duma forma composta de duas palavras latinas: ex, "fora, para fora", e motio, "movimento, ação", "comoção" e "gesto". Esta formação latina será tomada como empréstimo por todas as línguas modernas européias. A primeira documentação do francês émotion é de 1538. A do inglês emotion é de 1579. O italiano emozione, o português emoção datam do começo do século XVII. Nas duas primeiras línguas, a acepção mais antiga é a de "agitação popular, desordem". Posteriormente, é documentada no sentido de "agitação da mente ou do espírito".
A palavra aparece normalmente denotando a natureza imediata dessa agitação nos humanos e a forma em que é experimentada por eles, ainda que em algumas culturas e em certos modos de pensamento é atribuída a todos os seres vivos. A comunidade científica aplica-a na linguagem da psicologia, desde o século XIX, a toda criatura que mostra respostas complexas similares às que os humanos se referem geralmente como emoção.
Emoção cognitiva
Cognição diz respeito ao conhecimento, então, emoção cognitiva é aquela que sentimos e sabemos definir o porque de senti-la. Um bom exemplo é quando vemos alguém atirar com uma arma em nossa direção e sabemos que são tiros de festim. Provavelmente nossa emoção é menor do que se não soubéssemos a respeito do festim. A avaliação cognitiva é importante pois através dela podemos aprender a controlar uma determinada emoção.
Afetividade é a relação de carinho ou cuidado que se tem com alguém íntimo ou querido.
É o estado psicológico que permite ao ser humano demonstrar os seus sentimentos e emoções a outro ser vivo. Pode também ser considerado o laço criado entre humanos, que, mesmo sem características sexuais, continua a ter uma parte de "amizade" mais aprofundada
Em psicologia, o termo afetividade é utilizado para designar a susceptibilidade que o ser humano experimenta perante determinadas alterações que acontecem no mundo exterior ou em si próprio. Tem por constituinte fundamental um processo cambiante no âmbito das vivências do sujeito, em sua qualidade de experiências agradáveis ou desagradáveis.
"Afeto" (affectus ou adfectus em latim) é um conceito usado em filosofia por Spinoza, Deleuze e Guattari, o qual designa um estado da alma, um sentimento. De acordo com a Ética III, 3, Definição 3, de Spinoza, um afeto é uma mudança ou modificação que ocorre simultaneamente no corpo e na mente. A maneira como somos afectados pode diminuir ou aumentar a nossa vida Humores, afetos e emoções na condução
Se possui alguma experiência de condução, provavelmente já conduziu em “dias sim” ou “dias não”, decorrentes de certos estados de espírito ou humores ou ainda emoções que, nessa altura, tomam conta de si.
Sendo parte da natureza humana, por vezes, incomodam-nos e insistem em perseguir-nos, com expressão em todas as nossas atividades diárias.
Eis alguns exemplos relacionados com a condução:
- Uma certa desmotivação, desesperança ou desânimo em relação ao quotidiano em geral, que nos fazem sentir alheados da tarefa que levamos a cabo, neste caso, a condução;
- Pelo contrário, doses elevadas de euforia ou excitação decorrentes, por exemplo, da expectativa de concretizarmos algo novo ou especial, o que pode surtir o mesmo efeito anterior;
- Conduzir em estado de tristeza, centrada ou não em motivos concretos, que pode provocar abatimento e desconcentração ao conduzir;
- O afeto por um filho, passageiro do veículo, que leve à necessidade de cuidar, provocando a distração momentânea, com todas as consequências que daí podem advir;
- A insegurança ou o medo podem levar-nos a hesitar sobre as respostas a dar na condução e subsequentes ações, etc... etc...

Humores, afetos e emoções


Os sentimentos incluem humores, afetos e emoções, que expressam a vontade com que nos dirigimos a outras pessoas, objetos ou a nós próprios.
Embora relacionados entre si, estes sentimentos podem distinguir-se quanto às diferentes origens:
Os humores são estados de ânimo, certas disposições que predominam em nós, não estando relacionados com situações concretas ou pessoas.
Podem considerar-se equivalentes ao que chamamos “estados de espírito”, ou seja, sentimentos difusos que, no entanto, têm o condão de determinarem emoções, afetos  impulsos ou o próprio pensamento.
Apesar de pouco concretos, os humores são verdadeiramente sentidos pelos seus detentores, muitas vezes, sem se aperceberem ao certo porquê, levando-os a boas ou más disposições, animação ou abatimento, irritação, etc…
Os humores podem relacionar-se com os ritmos cósmicos (clima, luminosidade, estação do ano, sensibilidade aos cheiros, etc…) e vão da depressão (tristeza profunda) à elevação (alegria extrema ou extasiante).
Relacionam-se também com a memória: com bom humor tendemos a recordar mais acontecimentos positivos, enquanto que, com mau humor, a memória custa a fluir, o que pode dificultar a tomada de decisões por falta de ligação de acontecimentos passados idênticos ao acontecimento presente.
Os afetos, consideram-se sentimentos que nos unem ou relacionam com as outras pessoas, desde o amor, ternura, estima, confiança, compaixão, gratidão, paixão, respeito ou admiração, até ao pólo negativo do ódio, inveja, vergonha, culpa, desconfiança, mágoa, aversão, ciúme, etc…
Podem basear-se em experiências emocionais repetidas com aquela pessoa. Quanto mais rica e diferenciada for a nossa relação com o outro, maior será a qualidade dos afetos. No entanto, é comum surgir em cada relação um afeto dominante, associado à exclusão dos outros.
Assim, os afetos podem ser mais lábis (sujeitos a mudanças) ou, pelo contrário, melhor estruturados e, por isso, mais constantes. Podem também variar em função do humor no momento.
Há afetos que se dirigem a nós próprios. Neste caso, como à partida temos um maior auto-conhecimento, os afetos tendem a ser mais constantes, ajudando a definir a nossa personalidade e a gerir as relações com os outros. Destacam-se o orgulho, a vaidade, a arrogância, a coragem ou, por outro lado, a insegurança, a indecisão, a timidez, a cobardia, a humildade, etc...

Quanto às emoções, são estados internos que nos impelem muitas vezes a agir e transmitem aos outros a forma como nos sentimos, pelo que, contêm componentes expressivas ou de intenção para com o mundo.
Possuem ainda componentes cognitivas, já que podem surgir após processos mentais como a sensação e a percepção. No entanto, as emoções perduram mais tempo em memória.
Parece haver uma certa reciprocidade entre humores, afectos e emoções: os humores e os afectos exprimem-se muitas vezes através de emoções, por outro lado, as próprias emoções podem transformar-se em humores ou afetos e ainda modificar representações e atitudes.
As emoções distinguem-se dos humores e dos afetos por surgirem devido a algo concreto e relacionarem-se com situações presentes ou futuras. Podem ser motivadas por acontecimentos, recordações ou expectativas em relação a algo. Já os humores não têm causa concreta e os afetos relacionam-se com pessoas ou factos passados ou presentes.
As emoções desempenham certas funções nos indivíduos:
- Preparam para a ação (cada emoção prepara o corpo para um tipo de resposta específica);
- Ajudam a moldar o comportamento (sob a influência das emoções comportamo-nos de certa maneira);
- Ajudam a desenvolver relações inter-pessoais (ao expressarmos emoções, desencadeamos comportamentos de aproximação ou afastamento nos outros).
Todas as emoções podem ter mais ou menos intensidade, salientando-se três das mais elementares:
- Medo: identificação de uma situação de perigo;
- Raiva: resultante da frustração quando o objectivo não é atingido;
- Prazer: relacionado com o bem-estar.
Outras são mais elaboradas e, eventualmente, decomponíveis nas primeiras, apresentando diversas nuances, como: tristeza, aflição, ressentimento, desamparo, desalento, cólera, desespero, remorso, repudia, aversão, excitação, surpresa, alívio, serenidade, felicidade, curiosidade, desejo, saudade, esperança, etc…
Pelo carácter de reciprocidade entre humores, afectos e emoções, algumas destas emoções poderiam ter sido referidas como humores ou afectos, pois estes podem expressar-se através de emoções. Pelo mesmo motivo, muitos dos afectos mencionados podem ser exemplos de emoções.
As emoções podem ainda ter como característica a antecipação de acontecimentos, nomeadamente, sob a forma de preocupação - pré (antes) + ocupação (da mente).
Por exemplo, a tristeza e a alegria, enquanto emoções, podem antecipar o desprazer ou a recompensa que se perspectiva que irão suceder. Sob a acção delas, o indivíduo vê o mundo apenas desse ponto de vista – negativo ou positivo, com ou sem esperança.
Muitas vezes, sem darmos conta, as emoções geram certas reacções fisiológicas, por exemplo:
- Aumento do ritmo cardíaco;
Contração ou tensão muscular;
- Aumento da respiração;
- Tremores;
- Paralisação da digestão;
- Alterações da condutibilidade da pele;
- Alterações das ondas cerebrais;
- Dilatação da pupila do olho, etc...

Como podem humores, afetos e emoções influenciar a condução?


O que sucede em termos práticos é que, tanto os humores, como os afetos  como as emoções vão provocar diferentes estados nos indivíduos que se poderão repercutir positiva ou negativamente na tarefa da condução.
Academicamente, divide-se a tarefa da condução em três grandes fases:
Recolha da informação: em que intervêm os processos mentais da sensação e percepção, através dos quais o condutor recolhe as informações do ambiente rodoviário e interpreta-as, selecionando as que merecem mais atenção e posterior atuação.
Tratamento da informação: em que o condutor imagina acontecimentos futuros e decide em face deles, de forma a dar as melhores respostas, através do pensamento.

Ação
: na qual o condutor finaliza a tarefa, pondo em prática a resposta que escolheu dar aos acontecimentos verificados na condução, através dos comandos do veículo.
Basicamente, é possível que os diferentes humores, afetos e emoções distanciem o indivíduo da tarefa da condução, centrando-o mais nesses estados.
De um modo geral, os humores imprimem pessimismo ou optimismo às expectativas do indivíduo, o que o leva a conduzir influenciado sob esses prismas. Enquanto o pessimismo pode desmotivar o condutor da tarefa, o optimismo poderá imprimir-lhe uma certa carga energética ou vitalidade adicional que lhe permite conjugar adequadamente a condução com os seus pensamentos positivos.
Já o humor irritável (pleno de vitalidade, reações intensas, mas sem conteúdo de felicidade) e o humor lábil (súbitas e profundas mudanças incompreensíveis ou mistura de alegria e tristeza) podem contribuir para a prática de uma condução mais agressiva em todas as suas vertentes, através da qual o condutor expressa a sua impaciência perante o mundo e os outros.
Humores particularmente negativos podem ainda gerar algum impacto nas noções de espaço e de tempo do indivíduo, as quais, por serem essenciais na tarefa da condução, poderão condicioná-la.
No caso da memória ficar perturbada por influência de maus humores, pode também ser prejudicada a correta identificação dos estímulos do ambiente rodoviário, afetando a capacidade de decisão do condutor.
As emoções, tais como a tristeza ou a alegria também imprimem diferentes estados do indivíduo ao volante: enquanto a tristeza pode provocar alheamento da condução, desmotivação, falta de vitalidade e até desconcentração, a alegria pode contribuir para um certo equilíbrio do indivíduo, facilitando a cooperação, que o leva a desempenhar bem a tarefa.


Num estado de equilíbrio emocional, a qualidade da atenção em atividades  tais como a condução, é descontraída, embora intensamente focada, o que contribui para que o desempenho do condutor seja natural e simples, facilitando o desenrolar da tarefa.
Contudo, de um modo geral, as emoções fortes (em intensidade e qualidade), tais como o medo, a raiva, a tensão a preocupação, a euforia ou a tristeza podem influenciar o nível de concentração e atenção do condutor, o grau de alerta em relação aos estímulos do ambiente rodoviário através dos sentidos e também a interpretação e identificação que o condutor faz desses estímulos (percepção).
Por fim, o que pode suceder é que toda a tarefa da condução fique prejudicada, pois o condutor pode ver alterada a sua forma de pensar, de julgar e de agir, respondendo de forma desajustada ou fora de tempo às diversas situações com que se depara.
As reações fisiológicas geradas pelas emoções também podem influenciar a condução. Por exemplo, uma situação de risco que gere ansiedade e medo no condutor, poderá colocá-lo de sobreaviso, através do aumento do ritmo cardíaco e da respiração, contribuindo para que diminua o seu tempo de reação  Porém, a mesma situação pode ter efeito contrário, ou seja, reações de tremores ou tensão muscular (pele de galinha, cabelos em pé, etc…), poderão gerar uma certa paralisação dos movimentos. Depende muito de cada indivíduo e da intensidade das emoções.
As emoções têm ainda muita influência na adoção e mudança de atitudes para melhor ou pior, no caso da condução, praticá-la com mais ou menos segurança, o que se explica pela componente de intencionalidade das emoções.
Importa ainda salientar que no caso de algumas patologias, como a doença de Parkinson ou a fase posterior de acidentes vasculares cerebrais, os indivíduos tendem a ser mais emocionáveis, o que pode gerar mais emoções ao volante.
As depressões, muitas vezes, prolongamentos de estados de tristeza, reativas ou não a alguma situação, para além dos sintomas da própria tristeza na condução, provocam cansaço no condutor, nomeadamente, por alterações no seu ritmo do sono, ansiedade ou agitação, dificuldades na tomada de decisão, perda de interesse por atividades quotidianas, baixa auto-estima, etc…, com tudo o que acarreta de negativo para a tarefa.
A própria condução também pode desencadear emoções no condutor por se tratar de uma atividade tipicamente social. Especialmente em meio urbano, implica a constante cooperação do condutor com estranhos, o que requer uma certa dose de sensibilidade em relação aos outros, de forma a prever as diferentes intenções de cada um e ainda a constante reação à observação de comportamentos resultantes das atitudes dos outros. Neste contexto, a condução gera uma espécie de afectos camuflados que podem resultar em emoções.
Em auto-estrada, pelo contrário, quanto mais liberta de utentes, poderá gerar no condutor sentimentos de liberdade.

Como transformar "dias não" em "dias sim" na condução?


Qualquer indivíduo pode estar sujeito aos humores, afetos ou emoções acima descritos, assim como, em determinadas circunstâncias, pode sentir-se mais triste, ansioso ou preocupado, sem que isso implique que não possa conduzir.
Ocasionalmente, é quebrada a harmonia habitual entre a emoção e o pensamento ou, de outro modo, entre o que o coração sente e a razão determina.
Por exemplo, quando os condutores descarregam a sua raiva, o poder e a rapidez da emoção interrompe o pensamento normal e o julgamento do indivíduo, contribuindo para que percepcione e interprete a situação de modo diferente, exagerado ou irreal. O pensamento racional, objectivo, balanceado, imparcial e exato dá lugar ao pensamento emocional subjectivo, parcial, inflexível e, por vezes, incorreto.
A raiva é mesmo uma das emoções humanas mais difíceis de controlar, pois dá-nos uma sensação de energia, devido ao aumento do ritmo cardíaco, da respiração etc..., o aumento da adrenalina facilita o despoletar da agressividade, sem medição das consequências. As pessoas tornam-se implacáveis e impermeáveis a diferentes argumentos e os desejos puros são de represálias e vingança. A raiva pode ser despoletada pelo insulto, que gera no condutor o sentimento de ter sido atacado pelo outro.
O primeiro passo para controlar as nossas emoções ao volante é conhecê-las, o que nos leva a compreendê-las melhor e a retirar mais elementos para gerirmos adequadamente a situação. Assim, não nos deixamos levar pelo lado negativo que elas provocam, que pode sempre desencadear falsos juízos e comportamentos impulsivos que depois nos arrependamos, deixando de fora alternativas mais racionais.
Há condutores que conseguem fazer isto sozinhos através da sua própria experiência e motivação para atitudes e valores sociais positivos. Conseguem assim incrementar o conhecimento emocional ao volante e aprendem a reconhecer impulsos de raiva, etc... e a lidar com eles.
Eis algumas técnicas de controlo dos impulsos emocionais na condução:
- No momento em que surjam emoções negativas, fazer os possíveis por adiar ou mesmo desistir do impulso para expressá-las;
- Evitar fantasias de retaliação, associadas ao prazer da punição e da vingança;
- Rejeitar ideias que possam surgir sob a influência das emoções, por mais correctas que pareçam, construindo soluções mais racionais para os conflitos. Lembre-se que pensamentos positivos levam a emoções positivas como a empatia e o perdão.
- A aprendizagem e utilização de técnicas de relaxamento e de controlo respiratório também podem ajudar a acalmar quando surgirem conflitos.
- Se não o distrair da tarefa da condução, uma boa forma de aumentar a boa disposição ao volante e de evitar a invasão de emoções negativas é a utilização de distractores positivos, tais como o rádio, Cds, etc... ao seu gosto mas, de preferência, calmos, o que poderá ajudar a ocupar a mente com pensamentos positivos.
Apesar destes concelhos, procure a ajuda de especialistas nos seguintes casos:
- Sentir que os seus estados de humor ou emoções tomam proporções incontroláveis e perduram no tempo com intensidade;
- Não consegue concentrar-se na condução, por problemas pessoais ou doenças que a influenciam negativamente;
- Detectar que possui maus hábitos persistentes ao volante que não consegue mudar.


A prática da condução pode até contribuir para nos apercebermos da forma como gerimos as nossas emoções no dia a dia, pois implica uma constante troca social com os outros.
No entanto, não se deve encará-la como um ensaio para as emoções ou uma válvula de escape de sentimentos, pois, desse modo, podemos prejudicar os outros.
A melhor atitude parece ser a de procurar perceber os motivos de algumas das nossas emoções, atitudes e comportamentos na condução e tentar enquadrar esses motivos na nossa vida diária.de de agir.

3 comentários:

Marcia disse...

Material muito bom mas e as Referencias???

Svlima disse...

Muito obrigado... você salvou minha vida com o seu blog.

Unknown disse...

boa tarde.agradeço muito pelas explicaçoes,tendo em vista me foram de pleno esclarecimento,e,conhecimento a respeito.atendendo por muito minha duvida e, desconhecimento a respeito.digo isso,pois pouco me importa a fonte,pois tenho certeza q a fonte,ou referencias,são ótimas.pois quem descreveu tudo isso sabe muito.e não vive na pratica como eu.abraços rodrigo betat