quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Os introvertidos

  A extroversão, a energia da pessoa flui de maneira natural para o mundo externo de objetos, fatos e pessoas, em que se observa: atenção para a ação, impulsividade (ação antes de pensar), comunicabilidade, sociabilidade e facilidade de expressão oral. Extroversão significa “o fluir da libido de dentro para fora.”. O indivíduo extrovertido vai confiante ao encontro do objeto. Esse aspecto favorece a sua adaptação às condições externas, normalmente de forma mas fácil do que para o indivíduo introvertido.
Na introversão, o indivíduo direciona a atenção para o seu mundo interno de impressões, emoções e pensamentos. Assim, observa-se uma ação voltada do exterior para o interior, hesitabilidade, o pensar antes de agir; postura reservada, retraimento social, retenção das emoções, discrição e facilidade de expressão no campo da escrita. O introvertido ocupa-se dos seus processos internos suscitados pelos fatos externos. Dessa forma o tipo introvertido diferencia-se do extrovertido por sua orientação por fatores subjetivos e não pelo aspecto objetivamente dado.
O termo introvertido refere-se a todo o indivíduo com tendência a pensar mais que agir (raciocínio em detrimento da ação) - a introversão literalmente significa o "EU sobre os próprios problemas".
Pessoas introvertidas direcionam se commumentemente para o seu interior de onde retiram a sua energia, enquanto que pessoas extrovertidas voltam-se prenominalmente para o meio. Para o extrovertido o pensamento não tem vitalidade, é irreal. Para o introvertido a ação sem análise é inadequada e sem valor.
O introvertido privilegia os aspectos internos do seu psiquismo: ele pensa e repensa, absorve-se nas suas ações e reações e é auto critico. As suas emoções são em regra contidas e os seus desejos e impulsos refreados. Esta postura leva-o a hesitar quando tem de tomar decisões pois necessitam que a ação seja bem estruturada, medida e analisada antes da sua realização. Esta atenção critica e super analista torna-o por vezes, muito pouco atrativo á primeira impressão. Suscitam-lhe atenção quase mórbida os pequenos detalhes e pormenores que para os extrovertidos não têm importância, e essa característica não os aproxima, antes os repele.
Os introvertidos são pessoas sensíveis, reservadas, observadoras. Preferem os arredores conhecidos do lar e as horas íntimas com poucos amigos mais chegados. Optam por fazer tudo com os seus próprios recursos, por sua própria iniciativa e a seu próprio modo. Com isso, tendem a ser classificados como egoístas e individualistas, o que pode não ser verdade.
É na reflexão, no silêncio, na tranquilidade que ele encontra harmonia. Ao invés dos contatos constantes, dos grandes grupos, o introvertido prefere companhias mais selecionadas  apreciar boa música e ler um bom livro. O verdadeiro introvertido não procura popularidade, ele gosta de ser mais sozinho.
Teórico, por sua insociabilidade e jeito alheio, parece ver mais claramente os problemas e soluções que os extrovertidos raramente verão. Os introvertidos são na maioria das vezes, os inventores, os sonhadores, muitas das grandes descobertas se devem a eles: o presente pertence ao extrovertido; o futuro ao introvertido.
Muitas pessoas preferem passar o seu tempo sozinhas, trabalham melhor independentes do que em grupo, e gostam de celebrar seus aniversários com os amigos mais próximos do que com grandes grupos. Esta personalidade introvertida é frequentemente estereotipada como sendo instável, solitária, e anti-social, porém Olsen Laney diz que existem muitas vantagens em ser introvertido.
Os introvertidos tendem a ser joviais, determinados, bons ouvintes, pensadores criativos e com muito conhecimento sobre si mesmos. “Os introvertidos têm a mente aberta. Eles também se expressam melhor pela escrita do que falando”
A introversão pode afetar a vida familiar quando se tem uma oposição entre pais extrovertidos e filhos introvertidos. Isto pode também ter impacto na carreira se o chefe achar que o empregado introvertido não contribui o suficiente, pois os introvertidos tendem a guardar a informação para si mesmos. Este tipo de comportamento costuma ser confundido com indiferença.
“Se você perguntar a eles, vai ficar maravilhado com as idéias que eles irão te contar”, diz ela.
Mesmo assim, Olsen Laney diz que existem maneiras para os introvertidos enfrentarem as funções sociais desconfortáveis sem perder a cabeça. Ela diz que eles podem ser sociáveis em eventos em que há conversas interessantes, mas não quando é uma festa ou outro evento, debate e assunto que eles acham insignificante.
“Pessoas introvertidas não gostam de ser interrompidas porque é difícil recuperar a linha de raciocínio de novo, podendo a perder por completo”, diz ela. “Boa parte das razões que fazem os introvertidos serem vistos desse jeito é porque consideram o ‘jogar conversa fora’ pouco compensador para o seu modo de pensar”.
Há pessoas, extrovertidas, animadas, barulhentas e comunicativas, outras são retraídas, tímidas e pensadoras. Essas diferenças fazem parte das diferenças entre os tipos psicológicos; extrovertidos e introvertidos.
Sempre que alguém fala em tratar a Timidez ou a maneira de ser do introvertido, a primeira coisa a ser questionada é se essa característica precisa ser tratada. Se for "tratável" significa que a timidez é uma doença ou uma condição mórbida.
Dentro do Critério Estatístico, um dos critérios usados para o diagnóstico médico, devemos ter em mente o seguinte: nem sempre o habitual é normal ou ainda, nem sempre o excepcional é patológico. Portanto, as exceções à regra estatística devem ser valorizadas inicialmente como, simplesmente, Não-Normais, de forma a tornar este critério estatístico apenas relativamente válido. Os dentes cariados, por exemplo, embora muito frequentes e habituais não são dentes normais, assim como a gravidez de gêmeos, apesar de não-normal, não chega a ser uma doença.
No critério valorativo interessa o valor que o sistema sócio-cultural atribui à maneira do indivíduo existir. E é por causa do valor cultural seriamente prejudicado que se atribui aos introvertidos e tímidos que essas pessoas se sentem diminuídas e ávidas por algum "tratamento" que as deixe iguais às outras, mais expansivas. Podemos comparar a necessidade de "tratamento" para a timidez à necessidade de "tratamento" para cabelos crespos das adolescentes, ou seja, muito mais uma exigência cultural que uma necessidade patológica.
Enquanto o Critério Estatístico utiliza termos como incomum, infrequente, desproporcional, raro, fora do comum ou diferente, no critério valorativo os adjetivos serão outros. Esses termos dizem mais respeito à qualidade que à quantidade: mórbido, nocivo, indesejável, prejudicial, degenerado, sofrível, cruel, desadaptado e assim por diante.
A Organização Mundial de Saúde diz que o completo estado de bem estar físico, mental e social define o que é saúde, portanto, tal conceito implica num critério valorativo, já que, tanto o bem-estar quanto o mal-estar, dizem respeito a valores. A timidez, por exemplo, tendo em vista sua grande ocorrência universal (quase metade das pessoas), pode ser considerada normal (de tão habitual), do ponto de vista estatístico. Porém, devido ao fato de tratar-se de uma atitude da personalidade que traz prejuízo social ou faz com que o introvertido se sinta inferior ou infeliz, acaba por receber da psiquiatria uma atenção de doença (embora seja sim uma característica e não uma doença).
Muito embora a introversão ou timidez seja um traço de personalidade, devido à valorização cultural que se atribui a ela, poderá proporcionar sério prejuízo à qualidade de vida da pessoa, levando a algum grau de sofrimento, portanto, uma certa morbidez. É por isso que a depressão, apesar de muito comum, ser patológica.
Se vamos falar da Personalidade, tomando-a pelo conjunto dinâmico de traços no interior do eu, é bom destacar a idéia de que nenhum ser humano mostrará, em sua personalidade, traços que já não existam em outros indivíduos. Portanto, a introversão ou timidez aparece em graus variáveis em todas as pessoas, sendo que os extrovertidos têm esse traço muito atenuado e os introvertidos o têm predominantemente. Pois bem. É exatamente a predominância de alguns traços e a atenuação de outros que acaba por constituir a personalidade de cada um do jeito que ela é.
O sistema sócio-cultural costuma elaborar uma relação muito extensa de adjetivos utilizados para a arguição dos indivíduos baseado na descrição de seus traços. Nesta visão o indivíduo pode ser classificado como sincero, honesto, compreensivo, inteligente, amigável, ambicioso, pontual, tolerante, irritável, responsável, calmo, artístico, científico, ordeiro, religioso, falador, excitado, moderado, calado, corajoso, cauteloso, impulsivo, oportunista, radical, pessimista, e por aí afora. Podemos ainda considerar a pessoa através de seu Traço Predominante, da característica que melhor a define, como se, entre tantos traços caracteristicamente humanos, este determinado traço específico predominasse sobre os demais. Assim é classificado o tímido ou introvertido.
Em termos de traços e características de personalidade, o estado que podemos chamar de anormal deve, com frequência, surgir como se fosse uma lente de aumento colocada sobre os traços normais. Nessa abordagem nos interessará, como traço de personalidade, apenas um aspecto; a maneira pela qual a pessoa contata o mundo à sua volta, a maneira pela qual a pessoa interage com o mundo objectal à sua volta, enfim, a maneira pela qual o sujeito se relaciona com o objeto. Isso definirá as pessoas ditas Introvertidas e as Extrovertidas.
Como o nome diz, Introvertida é a pessoa que se orienta predominantemente para dentro, para a introspecção, se orienta mais para o subjetivo que para o objetivo. A pessoa introvertida sempre elabora uma opinião subjetiva a partir da percepção do objeto (do mundo), de forma que este tenha, além daquilo que é oferecido pelos órgãos dos sentidos, também e principalmente um caráter subjetivo.
Embora a pessoa com predisposição introvertida também observe as condições exteriores e objetivas (como os extrovertidos), ela elege as determinações subjetivas como os elementos decisivos do existir, portanto, apesar de ser uma pessoa que também se orienta pelos elementos da percepção e do conhecimento, como todo mundo, ela supervaloriza o componente subjetivo que ultrapassa a excitação fisiológica dos sentidos.
Quando, por exemplo, duas pessoas se deparam com um mesmo objeto, nunca se poderá afirmar que elas o percebem de maneira idêntica. Mesmo deixando de lado as diferenças sensoriais e fisiológicas que existem entre nós (uns enxergam melhor, ouvem melhor, etc), sempre existirão muitas e profundas diferenças na natureza, no significado e na representação psíquica percebida e assimilada. Enquanto a personalidade extrovertida se prende predominantemente àquilo que recebe sensorialmente do mundo (objeto), o introvertido se prende, sobretudo, à impressão subjetiva que o objeto é capaz de produzir nele.
A forma de se relacionar com a realidade da pessoa introvertida mostra que suas percepções e seu conhecimento se encontram não só condicionados pelos órgãos dos sentidos (objetivamente) mas, também, subjetivamente condicionados pelo seu perfil. Para se entender melhor o "subjetivo", digamos que seria o acontecimento, a ação ou a reação psicológica causada pela influência do objeto no psiquismo de cada um, seria uma mudança íntima, a partir de nossa experiência com o objeto, capaz de produzir um novo estado psíquico. Isso é o "subjetivo". Por causa do elemento subjetivo é que um mesmo quadro, paisagem ou objeto despertará diferentes impressões nas diferentes pessoas que os apreende.
Devido à supervalorização do conhecimento objetivo preconizado pelo mundo moderno, os dotes sentimentais e afetivos das pessoas, qualidades estas capazes de atribuir peculiaridades pessoais a todo tipo de conhecimento, acabam sendo desvalorizados. Hoje em dia é comum valorizar-se exageradamente o contacto objetivo (extrovertido) com as coisas, com as formas, com as cores, com os preços, os tamanhos, etc, etc, de tal forma que a palavra "subjetivo" representa, às vezes, uma espécie de censura à racionalidade pretensamente desejável às pessoas ditas normais.
A disposição subjetiva dos introvertidos atém-se a uma estrutura psicológica pessoal (temperamento) que, em princípio, nos é dada por herança e constitui uma característica inerente à pessoa. Na realidade, trata-se de uma sensibilidade psicológica do sujeito que se apresenta antes mesmo do desenvolvimento completo de sua personalidade. Por isso se diz inata.
Nos introvertidos o objeto, os fatos e a realidade concreta provocam manifestações emocionais subjetivas mais fortes que as concepções objetivas que se pode ter deles. Portanto, as concepções subjetivas dos introvertidos são mais poderosas que a influência do próprio objeto e o valor psíquico dessas concepções subjetivas sobrepõem-se a toda e qualquer impressão sensorial ou objetiva que se tem do próprio objeto.
Da mesma forma que para os extrovertidos possa parecer inconcebível que um conceito subjetivo se sobreponha à situação objetiva dos fatos, aos introvertidos também parecerá inconcebível que os valores objetivos dos fatos (objetos) tenha de ser um fator decisivo. Essas posições antagônicas dependem da sensibilidade de cada tipo de personalidade.
Por causa dessa discrepância no contacto com a realidade o extrovertido acabará acreditando que o introvertido é egoísta, vaidoso ou arrogante ideológico. Parecerá ao extrovertido que o introvertido age sob a influencia de idéias, conceitos, valores éticos, morais, culturais ou mesmo poéticos. O introvertido, devido a sua maneira determinada, normatizadora, francamente generalizadora e, tendo opiniões bem definidas sobre as coisas, será capaz de despertar ainda mais o preconceito dos extrovertidos. A determinação e rigidez do juízo, comuns ao introvertido em relação a tudo que for objetivamente dado, costumam dar a impressão de um forte egocentrismo.
Um exemplo tosco da diferença introvertido-extrovertido seria a sensibilidade necessária ao introvertido para compor uma música e a facilidade do extrovertido em dançar essa música. O arranjo de notas seria o objeto, além do qual exerce sua sensibilidade e subjetivismo o introvertido. A apreensão rítmica (captação do objeto) e coordenação motora é habilidade própria do extrovertido.
O pensamento introvertido se orienta, como dissemos, pelo fator subjetivo. Este pensamento se encontra representado por um sentimento subjetivo que, em última análise, é determinado pelo juízo crítico da pessoa. As coisas objetivas com que mantém contacto e as experiências concretas podem enriquecer seu conteúdo subjetivo, mas nem sempre favorecem a prática objetiva (pragmatismo). Nos introvertidos os eventos exteriores, ao contrário dos extrovertidos, não são a causa e o fim do pensamento, seu raciocínio começa e termina sempre no sujeito e não no objeto.
O pensamento introvertido também pode tratar das grandezas concretas ou abstratas, mas, nos momentos decisivos, orienta-se sempre pelo subjetivamente experimentado. O conhecimento novos fatos tem valor indireto para o introvertido. Esses fatos novos facilitam-lhe novos pontos de vista, e estes novos pontos de vista são mais importantes do que os fatos propriamente ditos. A pessoa introvertida costuma equacionar problemas e teorias, costuma fornecer visões e sugestões, mas conserva sempre uma atitude prudente e reservada ante os fatos novos. Aceita-os como ilustração e exemplo, mas não lhes concede preponderância sobre o subjetivamente conhecido.
Com esta maneira de pensar, os fatos objetivos e concretos são de importância secundária para o introvertido. Neles sempre predomina o valor da idéia subjetiva, da imagem simbólica, das entrelinhas e da visão íntima das coisas. Esse tipo de pensamento é capaz de produzir idéias bastante abstratas e que não residem exclusivamente nos fatos, são idéias que expressam sua abstração mais íntima. O experimentado pelo introvertido não é apenas objetivo e concreto, como tende a ser aos extrovertidos, mas também simbólico e subjetivo.
A diferença entre o pensamento introvertido e extrovertido seria o mesmo que existe entre o filósofo Kant e o biólogo Darwin. Um lidando com o subjetivo e outro investigando profundamente o objetivo. Como se vê, o mundo precisa dos dois tipos.
A despeito da plena capacidade de abstração dos introvertidos, muitas vezes seu pensamento pode revelar uma perigosa tendência para forçar os fatos a submeterem-se e se conformarem à imagem subjetivamente pré-formada, ou a ignorá-los para que possa expor a imagem subjetivamente criada em sua fantasia subjetiva.
A possibilidade de distanciar-se da realidade dos fatos é ameaçada nessas pessoas, tanto quanto é ameaçada, em sentido oposto, nos extrovertidos. Estes últimos são capazes de negar a essência dos fatos por insensibilidade ao além-objeto, à abstração irreal e existente. Assim sendo, do mesmo modo que o pensamento extrovertido nem sempre consegue obter um conceito reflexivo e eficaz da experiência, também o pensamento introvertido pode não conseguir aproximar-se da objetividade da realidade real.
As opiniões dos introvertidos tendem a ser mais contundentes que dos extrovertidos, uma vez que a força das convicções, por serem subjetivas, costuma ser tanto maior quanto menos estiver em contato direto com os fatos objetivos. Mas essas opiniões introvertidas podem perder-se com facilidade na imensidão das idéias e dos fatores subjetivos. O introvertido cria teorias pela simples vontade e afinidade de criar teorias, e aí surge uma acentuada tendência para saltar facilmente do ideal para o meramente imaginário.
Nesses extremos, o pensamento introvertido que se distancia dos objetos, pode se tornar tão estéril quanto o pensamento extrovertido, que não consegue ir além dos fatos objetivamente dados.
O sentimento introvertido é, como tudo nele, principalmente determinado pelo fato subjetivo. Na questão do sentimento existe uma diferença tão essencial, em relação ao sentimento extrovertido, quanto a que existe entre a introversão e a extroversão do pensamento.
Como o sentimento introvertido está subordinado às condições subjetivas, prendendo-se secundariamente ao objetivo, é normal que ele se manifeste menos e mais dificilmente e, quando se manifesta, costuma ser sempre incompreendido pelas pessoas não introvertidas.
O sentimento introvertido parece desvalorizar os objetos e o mundo objectual, portanto, pode fazer-se sentir mais negativamente que de maneira positiva. Dessa forma, a existência de um sentimento positivo nas pessoas introvertidas terá de ser suspeitado ou percebido indiretamente.
Esse tipo de sentimento pode tornar o introvertido uma pessoa taciturna, de difícil acesso sentimental ou portador de uma notável indiferença. Se o pensamento subjetivo do introvertido determina dificuldades de compreensão adequada às pessoas extrovertidas, o mesmo se poderá dizer de seu sentimento subjetivo.
Também a percepção, que em essência tem de estar fortemente atrelada ao objeto e à excitação objetiva, sofre uma transformação notável na pessoa introvertida. Na percepção do introvertido há um fator subjetivo, portanto, além do objeto a ser percebido existirá um sujeito que percebe e que fornece sua disposição pessoal subjetiva para a excitação neurofisiológica. Na disposição introvertida, o ato perceptivo se baseia, sobretudo, na participação subjetiva da percepção.
Essas questões subjetivas e perceptuais podem ser explicadas, da maneira mais clara, pelas obras de arte que reproduzem subjetivamente os objetos exteriores. Se, por exemplo, vários pintores se esforçassem em reproduzir fielmente a mesma paisagem, os quadros seriam, apesar da paisagem ser a mesma, muito diferentes entre si. Essa diferença não será só devida à capacidade artística maior ou menor mas, principalmente, por causa das diferentes visões subjetivas do mesmo objeto.
Inclusive, algumas pinturas denunciarão uma nítida diferenciação psíquica, quer seja no estado de ânimo, na sensibilidade para o movimento, para a cor e formas, e assim por diante. Essas qualidades apontam uma intervenção mais ou menos intensa do fator subjetivo.
O fator subjetivo da percepção no introvertido vem a ser o mesmo que nas outras funções psíquicas. Trata-se de uma disposição de personalidade capaz de alterar a percepção sensorial, remetendo-a além do caráter puramente objetivo. Neste caso, a percepção se refere, sobretudo, ao sujeito e não exclusivamente ao objeto.
Embora no introvertido exista, sem dúvida alguma, uma autêntica percepção sensorial, os objetos são vistos de modo completamente distinto dos extrovertidos. Na realidade, o sujeito introvertido percebe as coisas que todo mundo percebe, mas não se detém na pura influência do objeto, preferindo ater-se à percepção subjetiva suscitada pelo objeto. Portanto, a percepção subjetiva é acentuadamente distinta da objetiva.
Para o introvertido, o fator subjetivo de alguma coisa diz muito mais do que a simples imagem do objeto. A percepção subjetiva do introvertido apreende, pois, muito mais o fundo do que a superfície do mundo físico objectual. Ele não percebe a realidade do objeto como fator decisivo em seu destino, mas sim, a realidade do fator subjetivo das coisas, tal como seria apreendido por uma consciência muito amadurecida. Dessa forma, o fator significativo das coisas diz mais respeito à percepção subjetiva que objetiva. A percepção introvertida veria o nascer e morrer das coisas, sua origem e consequência, sua finalidade e destinação, muito mais que sua cor, sua forma, seu preço, seu valor prático.
Assim, a percepção introvertida capta uma imagem além da reprodução fotográfica do objeto, ela é vinculada à experiência, ao sentimento e à suposição da experiência futura. A mera impressão sensorial desenvolve-se, pois, nas profundezas desse pressentimento, ao passo que a percepção extrovertida tende a apreender o objeto momentâneo e claramente manifesto das coisas.
Na pessoa introvertida a intuição se prende aos objetos interiores, ou seja, aos elementos do inconsciente. Os objetos interiores se comportam, em relação à consciência, de modo análogo aos objetos exteriores, apesar da sua realidade não ser física, mas sim psicológica.
Os objetos interiores apresentam-se à percepção intuitiva como imagens subjetivas de coisas que não podem ser observadas na experiência exterior, pois constituem o conteúdo do abstrato do inconsciente. Naturalmente, o conteúdo do inconsciente, por sua própria essência, é inacessível a toda e qualquer experiência concreta e objetiva. Tal como a percepção, a intuição também tem um forte fator subjetivo, o qual se converte numa grandeza decisiva ao introvertido. Por outro lado, na intuição extrovertida, esse fator subjetivo da intuição costuma estar reprimido ao máximo, devido à dificuldade que tem esse tipo de personalidade em representar o subjetivo.
Na prática, um introvertido ao sentir-se atacado de uma tontura, normalmente de natureza psicológica, sua percepção se detém nas características particulares dessa perturbação, percebendo todas suas qualidades, sua intensidade, seu processo temporal, seu modo de se apresentar, com todos os seus pormenores.
Sua intuição receberá da percepção o impulso necessário para ultrapassá-la, percebendo rapidamente uma imagem subjacente que a tontura, provocou. Ele terá a visão de um homem cambaleante, com uma flecha cravada no coração, com uma ameaça de derrame cerebral, de uma morte iminente. Essa imagem fascina a atividade intuitiva, a qual nela se detém e procura explorar todos os seus pormenores.
A intuição introvertida percebe os processos do fundo da consciência ou do inconsciente, com a mesma nitidez em que a percepção extrovertida apreende os objetos exteriores. Para a intuição introvertida, portanto, as imagens inconscientes estão revestidas da importância das coisas ou objetos da realidade interna, ética, moral e sentimental. Por outro lado, a intuição do extrovertido espreita constantemente novas possibilidades, não se detém demasiadamente com possibilidade de mal ou de bem, próprio ou alheio, de certa forma atropelando considerações de ordem humana em favor de seu ímpeto de mudança.









Um comentário:

Aelson XY disse...

Desculpe não deu pra ler tudo por que ta muito confuso, os termos tímido com o temperamento introvertido estão misturados, timidez qualquer personalidade enfrenta ou sofre e em algumas situações e ate bem vindo, introversão esta no modo que se encara e se dispõe ao mundo. Pessoas mais reservadas não necessariamente são todas tímidas, uma ou outra podem ser mais acanhadas mesmo, em geral é por causa de falta de disposição em sociabilizar.