quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A LEMBREI ,XIIIIIIII JÁ ESQUECI


Alguns fatos não saem de nossa cabeça. Uma festa de aniversário, um dia de férias, uma bronca, um almoço na casa da vovó, uma briga com um amigo... Mas por que algumas situações ficam guardadas em nossa mente e outras parecem desaparecer de nossa memória? A resposta está no cérebro, ou melhor, no que há dentro dele.
A explicação pode começar pelos neurônios, as células do sistema nervoso que são responsáveis por algumas de nossas funções ? ver, falar, ouvir, entre outras. Ligados uns aos outros, os neurônios se comunicam e se encarregam de selecionar nossas lembranças. Assim, existe uma parte do cérebro ? o córtex pré-frontal ? que armazena o que temos de lembrar por alguns segundos, como o número do telefone de seu colega, que você precisa anotar na agenda; outra parte ? o lobo temporal ? que guarda a informação por algumas horas, como um recado que a professora mandou para sua mãe e você não pode esquecer até chegar em casa; e outra ? que reúne várias regiões do cérebro incluindo o córtex temporal e outras ? capaz de memorizar fatos por anos, como aquele dia em que você foi campeão de caratê e que, talvez, nunca mais se esqueça. Todas essas áreas são estimuladas por nossas reações emocionais, ou seja, por nossos sentimento diante de certos fatos, que ativam a comunicação entre os neurônios
Nós nos lembramos mais de fatos emocionantes e importantes para a nossa vida. Isso porque, quando algo especial acontece, nosso corpo produz algumas substâncias que estimulam o cérebro e os neurônios responsáveis pela memória. Esses fatos podem causar grandes emoções, mas que nem sempre são boas lembranças. Neste caso, elas são conservadas em nosso cérebro para nossa defesa, esquecidas por algum tempo e lembradas somente em momentos especiais.
Por exemplo, se ao atravessarmos a rua um carro quase nos atropelar, dificilmente vamos nos esquecer completamente deste fato. Assim, você se lembrará, de vez em quando, do ocorrido para se preservar e prestar mais atenção em seus atos. Isso porque fica difícil viver em paz lembrando a todo instante de momentos ruins, que nos deixem triste, com medo ou que causem muito sofrimento.
Boas e más lembranças são o resultado do bom funcionamento do cérebro e importantes para construir aquilo que somos ou o que seremos, para nosso amadurecimento e para evitar situações de apuros. Assim, quanto mais fatos importantes guardarmos na memória, melhor será nosso desempenho na vida.


Para ajudar o cérebro nesse trabalho, que tal exercitar suas lembranças? Ler é a melhor atividade para a memória, por acionar várias funções do cérebro, como a visão e a percepção. Então, se você leu este texto até aqui, parabéns! Já começou a trabalhar sua memória direitinho!

ALGUNS MOTIVOS

“O estresse faz com que seja liberado o hormônio cortisol, que age no cérebro impedindo a evocação de memórias”, explica Izquierdo. São exemplos cantores que se esquecem das letras e estudantes que não se lembram de nada na hora da prova.
Se for crônico, o estresse também pode atrapalhar a aquisição de informações.
A memória é uma função cognitiva dependente dos processos de atenção. Qualquer coisa que interfira na concentração pode prejudicá-la”, afirma Mônica Sanches Yassuda, neuropsicóloga e pesquisadora da USP.

A falta de sono é uma das principais inimigas da boa memória. De acordo com o neurologista Luciano Ribeiro Pinto Júnior, do Instituto do Sono da Unifesp, dormir pouco resulta em perda de atenção no dia seguinte, além de atrapalhar no armazenamento de informações anteriores.
“As lembranças são consolidadas quando dormimos, principalmente no terço final da noite, no sono REM [em que acontecem os sonhos].”
O problema é que muitas pessoas têm cada vez menos episódios de sono REM. “Dormimos mais tarde e acordamos mais cedo. Isso faz com que sejamos privados desse tipo de sono. A longo prazo, isso pode até causar perda irreversível da memória.”
O consumo de álcool também pode prejudicar as funções cerebrais de forma irreversível. É a chamada demência alcoólica, diferente daquela “amnésia” que acontece depois de uma bebedeira.
A demência aparece ao longo dos anos e é comum entre dependentes químicos, explica a psiquiatra Carla Bicca, da Abead (Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas).
Já a “amnésia alcoólica” aparece uma vez ou outra. “Nem todo mundo tem esse apagão, ele não deve ser comum. Se você tem sempre, é um alerta: ou é mais vulnerável ou está exagerando.”
A AMIGUINHA, AMNÉSIA PROTETORA
O esquecimento não é ruim. Para a neurologia, é tão importante quanto a lembrança. “Para recordar seletivamente o que interessa você tem que inibir, bloquear ou esquecer certas coisas. É inútil lembrar-se de tudo”, diz o neurologista Benito Damasceno, da Unicamp.
A inibição de uma lembrança pode acontecer quando o fato é perturbador ou traumático. “É uma forma de a pessoa seguir em frente”, afirma Damasceno.
A amnésia de fatos ruins também é vista pela psicanálise como normal. “Faz parte do equilíbrio da mente deixar alguns fatos no âmbito do inconsciente. Mas, se houver um esquecimento grande, pode indicar um desequilíbrio que precisa ser trabalhado em terapia”, diz a psicanalista Giselle Groeninga.
Às vezes, esquecer parece com mentir. Mas, nos casos mais comuns, é tudo culpa do cérebro, que não só não grava com perfeição (daí os lapsos), como nos engana criando falsas lembranças.
Isso tudo só é preocupante quando os apagões são frequentes e interferem no cotidiano -e você se esquece de pagar uma conta, digamos.
Esse lapso é mais comum depois dos 45 anos e pode ser sinal de perda cognitiva, diz a neuropsicóloga Ivanda Tudesco, pesquisadora da Unifesp. “O alerta é a mudança de comportamento: a pessoa que nunca esquecia panela no fogo e passa a esquecer.”
Em pessoas mais jovens, é comum que os esquecimentos sejam causados por excesso de tarefas e desorganização. “Passar a usar lembretes e agenda já ajuda. Todo mundo precisa de lembrete, é um recurso saudável e fácil.”
DICAS
Não tem uma fórmula para melhorar a memória. Mas sempre é bom reforçar quegravar um fato depende de concentração e interesse.
“Estar motivado aumenta o tônus cerebral, criando uma situação ótima para que informações sejam registradas”, diz Benito Damasceno.
Uma dica é pensar no significado da informação e tentar fazer o maior número de associações possíveis. “Se associarmos vários sentidos, fica mais fácil de lembrar.”
Usar as informações várias vezes também faz com que exista mais chances de aquela memória ser consolidada.
Jogos e exercícios de treinamento ajudam, mas não resolvem o problema, segundo a neuropsicóloga Gislaine Gil, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“Não adianta a pessoa ficar boa em um jogo e continuar perdendo a chave de casa. É mais útil você tentar lembrar antes de dormir o que fez durante o dia do que jogar jogo da memória.”
Ela dá algumas orientações de organização. “Faça uma lista do que você precisa fazer no dia, organize a gaveta e mesa de acordo com o uso dos objetos e guarde coisas que somem (óculos, chave) no mesmo lugar.

Veja a seguir alguns alimentos que podem ajudar você a ter uma boa memória:
Gema de ovo - Contém colina, precursor do neurotransmissor acetilcolina, que pode melhorar a memória. Sua deficiência parece estar associada à doença de Alzheimer, causa comum de demência.
Peixes - Principalmente os de água fria (salmão, anchova, sardinha, atum, arenque), são fontes de ácidos graxos ômega 3, poderoso antioxidante.

Frutas e vegetais amarelos - Mamão, manga, pêssego, cenoura, abóbora. São alimentos fontes de betacaroteno, antioxidante que combate o envelhecimento celular.

Frutas vermelhas - Morango, cereja, framboesa, amora, pitanga, melancia e tomate, também possuem pigmentos antioxidantes que combate os radicais livres e ajudam a memória.
Oleaginosas - castanhas, nozes, amêndoas, avelãs, amendoim. Ricas em vitamina E e selênio, também fontes de antioxidantes.
Carnes, aves, grãos integrais, leguminosas, leite e derivados
Estes alimentos são fontes de vitaminas do complexo B. Ajudam a regular a transmissão entre os neurônios. Na carne vermelha você encontra também o ferro que pode colaborar com a boa memória.

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