terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O STRESS


Este é um texto que apresenta e explica de forma sucinta, sem entrar no domínio da psicologia, o stress no trabalho. Para isso, descrevem-se as suas causas e conseqüências, e conselhos práticos de como controlar o stress no trabalho, mostrando como pode influenciar a saúde das pessoas, e a rentabilidade das organizações.
Um referencial que pode nos prestar grande ajuda na melhor compreensão da importância e influência dos processos psicológicos e sociais, na manutenção da saúde ou na determinação de doenças.
Antes, porém, de avançar no tema, vamos tecer algumas considerações de alerta. O termo stress tem sido freqüentemente distorcido e apresentado de forma parcial. Se realizarmos um concurso na população com a intenção de escolher o maior vilão atual de grande parte das desgraças pessoais e de saúde, não temos a menor sombra de dúvida de que o stress seria um sério candidato ao prêmio. Têm-se atribuído ao stress inúmeros acontecimentos: desde a úlcera do executivo, ao acidente de automóvel de uma personalidade, ao baixo rendimento de um atleta, ou mesmo de uma equipe esportiva, da incapacidade de uma pessoa em desfrutar uma relação íntima com seu (sua) parceiro (a), e assim por diante. Não raro ouvimos no rádio ou na televisão ou lemos em jornais e revistas que a situação em nossa sociedade está cada vez pior e em conseqüência disto temos um incremento importante do stress, com uma dramática diminuição da qualidade de vida.
Será verdade? Seria o stress SEMPRE algo tão negativo? Seria o stress exclusivo da nossa época? Estaríamos condenados a viver irremediavelmente pior em decorrência do stress?
A resposta, possivelmente para surpresa de muitos, pode ser NÃO! Não existe qualquer dado científico que demonstre que as pessoas de nossa sociedade atual sofram mais stress, que as pessoas de outra época. Sem dúvida sofremos freqüentemente estímulos estressantes diferentes de outras épocas, mas é impossível dizer que é maior ou menores, ou que o dano tem sido de maior ou menor intensidade. Temos hoje dois aspectos muito interligados que nos permitem fazer algo. Podemos aprender a reconhecer os estímulos estressantes que são mais típicos da era contemporânea do que em outros tempos (a velocidade das transformações sociais, da cultura, da política e do conhecimento são exemplos suficientemente claros, e que trazem conseqüências sobre a saúde, aumentando a incidência de algumas doenças, que se tornaram características de nossa época, como é o caso das doenças coronarianas. Tendo mais conhecimento, podemos tentar manejá-los e, assim, minimizar seus efeitos ou torná-los algo positivo. Isto pode parecer impossível para muitas pessoas, mas o judô (e outra artes de luta orientais) há muito nos ensina que, com o uso de técnicas adequadas, podemos utilizar a força do nosso inimigo para derrotá-lo).
Podemos hoje compreender muito mais o fenômeno stress. Sabemos que ele, em si, não é bom, nem ruim e que é impossível e indesejável erradicá-lo. Ao contrário, ele pode ser um recurso importante e útil para uma pessoa fazer frente às diferentes situações de vida que enfrenta no seu quotidiano. A resposta do stress surge, ou melhor, é ativada pelo organismo, com o objetivo de mobilizar recursos que possibilitam à pessoa enfrentar situações percebidas como difíceis e que exigem delas esforço. Sem dúvida, esta capacidade tem sido de fundamental importância para a espécie humana, ajudando-a a sobreviver e a desenvolver alternativas de como enfrentar as múltiplas situações de ameaça concreta ou simbólica que pode encontrar em sua existência. Na verdade, creio que a vida sem stress seria chata, monótona e sem graça, não haveria desenvolvimento pessoal ou científico. Nada se tornaria atraente ou excitante.
No entanto, as situações estressantes e as respostas do indivíduo ao stress podem estar associadas a muitos aspectos negativos. Com muito mais freqüência se associa o stress a situações indesejáveis e somos bombardeados com informações que assinalam que ele é uma das maiores causas de nossos problemas e que deve ser erradicado de nossas vidas. O excesso de stress sabe-se, pode trazer conseqüências muito danosas,mas sabemos que da mesma forma que podemos equilibrar a quantidade de sal e açúcar em nossa dieta, podemos também lidar com nosso stress. Por outro lado, não podemos deixar de ressaltar que existem muitas situações estressantes que são ou podem ser muito agradáveis, como, por exemplo, ser aprovado no vestibular, formatura na faculdade, casamento, nascimento de filhos, entre outros.
O stress corresponde a uma relação entre o indivíduo e o meio. Trata-se de uma interação entre a agressão e a resposta, como propôs o médico Hans Selye, o criador do conceito moderno de stress. Trata-se, no entanto, de uma adaptação normal, na realidade, a vida não é possível sem stress, existe um grau inerente de tensão à vida que precisamente nos faz reagir e adaptar, sobreviver. O stress pode fornecer-nos uma nova consciência e uma perspectiva nova e excitante. Porém, quando a resposta é patológica, em indivíduos mal adaptados, registra-se uma disfunção, que leva a distúrbios transitórios ou a doenças graves.
A importância de intensidade e duração da pressão como relacionadas com a resposta do organismo. Para Selye a palavra natureza designava todos os efeitos não específicos de fatores que podem agir sobre o organismo, onde são chamados de estressores os agentes do stress.
Os fatores de stress no trabalho podem ser divididos para efeitos de identificação nas situações de trabalho em fatores associados ao ambiente, a organização e aos fatores psicossociais do trabalho este conjunto de fatores aparecem associados, integrados e interdependentes. As reações a estes fatores dependem da personalidade, experiência individual e expectativas em relação ao trabalho.
Hans Selye utilizou o termo stress para denominar aquele conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige um esforço para adaptação.
Na verdade, a todo instante estamos fazendo movimentos de adaptação, ou seja, tentando nos ajustar às mais diferentes exigências, seja do ambiente externo, como o frio, o calor, condições de insalubridade, ou ainda o ambiente social do trabalho, seja do mundo interno - este vasto mundo de idéias, sentimentos, emoções, desejos, expectativas, imagens etc., que cada um tem dentro de si. Assim, o poli-traumatizado de um acidente de trânsito, a mãe que se preocupa com o filho, o operário que trabalha em um ambiente barulhento e perigoso para a sua integridade, o executivo que luta para cumprir os prazos, o jogador de futebol, todos apresentam uma situação em comum, estão sob stress, ou seja, aquele denominador comum de todas as reações de adaptação de um organismo.
Selye pôde perceber em estudos que, quando se submete um organismo a estímulos que ameacem a sua homeostase (o equilíbrio interno do organismo), ele tende a reagir com um conjunto de respostas específicas, que constituem uma síndrome que ele denominou de Síndrome Geral de Adaptação, que é desencadeada independentemente da natureza do estímulo. A isto, ele chamou de stress.
Representação esquemática do stress

Até agora, podemos ressaltar dois aspectos essenciais: temos, por um lado, situações que podem desencadear o stress e que se chamam de estímulo estressor e, por outro lado, a resposta do indivíduo frente ao estressor. Se esta resposta é negativa, ou seja, desencadeia uma resposta adaptativa inadequada, podendo gerar inclusive doença, é chamada de distress. No entanto, se a pessoa reage bem à demanda, aparece o eustress. Em essência, o que temos é um estímulo sobre o organismo, o estressor que desencadeia uma resposta. Resumidamente podemos dizer que os estressores podem advir do meio externo e do mundo interno. Tanto um como o outro tipo de estressores é capaz de disparar em nosso organismo uma série imensa de reações via sistema nervoso, sistema endócrino e sistema imunológico, através da estimulação do hipotálamo, hipófise e sistema límbico, estruturas do Sistema Nervoso Central relacionadas com o funcionamento dos órgãos e regulação das emoções.

Fases do Stress
Reação de Alarme
  • Aumento da freqüência cardíaca
  • Aumento da pressão arterial
  • Aumento da concentração de glóbulos vermelhos
  • Aumento da concentração de açúcar no sangue
  • Redistribuição do sangue
  • Aumento da freqüência respiratória
  • Dilatação dos brônquios
  • Dilatação da pupila
  • Aumento da concentração de leucócitos
  • Ansiedade
2.1.2- Fase De Resistência
Fase da resistência - caso o agente estressor mantenha a sua ação, e caracteriza-se por aumento do córtex da supra-renal, atrofia do timo, do baço e de todas as estruturas linfáticas, hemodiluição, aumento do número de glóbulos brancos, diminuição do número de eosinófilos e ulcerações no aparelho digestivo, aumento da concentração de cloro na corrente sangüínea, além de sintomas como irritabilidade, insônia, mudanças no humor, como depressão, e diminuição do desejo sexual. A hipófise desempenha um importante papel, pois nos animais onde esta glândula foi extirpada, tais reações não foram observadas.
  • Aumento do córtex da supra-renal
  • Atrofia de algumas estruturas relacionadas à produção de células sangüíneas e
    ulceração no aparelho digestivo
  • Irritabilidade
  • Insônia
  • Mudanças no humor
  • Diminuição do desejo sexual
Fase De Exaustão
A terceira fase - a de Exaustão - representa, muitas vezes, a falha dos mecanismos de adaptação; há, em parte, um retorno à fase de Alarme e, posteriormente, se o estímulo estressor permanecer potente, pode morrer.
  • Retorno parcial e breve à Reação de Alarme
  • Falha nos mecanismos de adaptação
  • Esgotamento por sobrecarga fisiológica
  • Morte do organismo
É oportuno lembrar aqui, um outro importante pesquisador, Lennart Levy. "O ser humano é capaz de adaptar-se ao meio ambiente desfavorável, mas esta adaptação não acontece impunemente".As colocações acima, relativas à Síndrome Geral de Adaptação, são mais facilmente comprovadas naquelas doenças onde notoriamente há um componente de esforço, de adaptação, como, por exemplo, nas gastrites e úlceras digestivas resultantes de stress, crises de hemorróidas, alterações da pressão arterial, artrites reumáticas e reumatóides, doenças renais, afecções dermatológicas de cunho inflamatório, dificuldades emocionais, alterações metabólicas, perturbações sexuais, alergia, infecções, entre outras. Sem dúvida, a grande maioria das doenças, que hoje são estudadas dentro do capítulo da Medicina do Trabalho, têm uma íntima correlação com o stress. Manter a vida, enquanto se luta para ganhar a vida, nem sempre é fácil. O desgaste a que as pessoas são submetidas nos ambientes e nas relações com o trabalho, é um dos fatores mais significativos na determinação das doenças. Creio que este fato não escapa ao conhecimento dos médicos, mas também é fato que o espaço dedicado à investigação destes aspectos na anamnese é pequeno em relação à sua importância. Esta idéia está esquematizada no quadro abaixo que sintetiza o mecanismo de formação dos sintomas, pela perspectiva da abordagem Sócio-Psicossomática, preconizada pelo professor José Fernandes Pontes.
Por que surge uma enfermidade e não outra, depende das diferenças individuais que são determinadas pela história de vida da pessoa e de suas vulnerabilidades condicionadas pela genética e pela sua constituição.
Tipos do Stress e Conseqüências ao Organismo
As pessoas não precisam estudar a biologia do estresse para compreender como ele afeta suas vidas. Sabendo o desequilíbrio que ele provoca, é possível entender algumas das formas pelas quais a vida é modificada pelo estresse.
O primeiro passo é identificar a que o estresse indesejável está relacionado. Podemos avaliar, então, como ele influencia seu organismo, suas emoções e sua forma de pensar.
O Estresse Físico Ou Externo
O estresse físico ou externo, aquele que afeta o próprio corpo, é o mais evidente e fácil de identificar. Quando as pessoas trabalham muito, ficam acordadas até tarde ou comem e bebem demais sentem os efeitos físicos diretos destas ações. Apresentam uma tendência a dormir mal, sentido-se cansadas e doentes. No entanto, é mais difícil corrigir este tipo de problema do que ter uma dieta alimentar saudável ou dormir mais.
Quando se tem uma doença, mesmo a menos grave, como uma gripe ou resfriado, torna-se evidente que o estresse físico afeta o seu bem-estar e a sua qualidade de vida. A maioria das doenças graves provoca estresse na vida de qualquer um, e alguns médicos acreditam que esta associação é um dos principais obstáculos para uma boa recuperação.
O Estresse Emocional Ou Psicológico
O estresse emocional ou psicológico pode parecer menos concreto, mas tem a mesma relevância para a saúde e para o bem-estar do individuo. Apesar da dificuldade de identificar os fatores determinantes deste tipo de estresse, trata-se de uma etapa fundamental, uma vez que seu impacto no bem-estar das pessoas pode ser até maior que o do estresse físico.
Os indivíduos solitários, deprimidas e infelizes apresentam uma maior chance de desenvolver doenças e uma menor tendência a praticar atividades que lhes proporcionam prazer. Quando as pessoas são submetidas a uma carga de estresse superior a que podem suportar, ficam muito mais vulneráveis à depressão e à ansiedade. Pode ser difícil identificar o estresse psicológico, mas ele costuma deixar as pessoas desconfortáveis, culpando algum fator exógeno pela sua situação. Lidar com isso em vez de ser consumido por ele é algo que requer um trabalho psicológico importante. Em geral, o primeiro passo é olhar para os seus próprios sentimentos e se perguntar, com sinceridade, o que está causando este problema interior.
O Estresse E A Capacidade De Concentração

O estresse também afeta a forma de pensar das pessoas. Quando os indivíduos estão muito estressados, particularmente ansiosos ou deprimidos, sua capacidade de pensar com clareza e objetividade pode ser comprometida.
As pessoas podem parecer menos capazes ou mais fracas do que realmente são, além de acharem que a sua situação é muito pior do que realmente é. Pode ser difícil identificar estas alterações sutis e fica fácil crer numa idéia sem sentido, como se sentir completamente inútil, uma vez que os sentimentos envolvidos são verdadeiros, refletindo um sentimento verdadeiro de desespero e falta de esperança.
É fácil aceitar este tipo de pensamento, uma vez que ele é acompanhado de uma emoção e um modo de agir compatíveis. As pessoas costumam negar que a sua forma de pensar seja afetada pelos seus sentimentos, tornando-se mais difícil resolver os problemas quando se acredita nestas idéias negativas. Dessa forma, os indivíduos se tornam menos capazes de avaliar criticamente a sua situação e buscar uma melhora.
No caso dos deprimidos, algumas vezes parece mais fácil se entregar ao desespero do que lidar com os problemas reais. A única maneira de saber se uma idéia é verdadeira é fazendo uma análise cuidadosa.
2.3- Problemas Causados Pelo Estresse
O estresse pode ser causador e/ou agravador de uma série de doenças, que vão da asma, às doenças dermatológicas, passando pelas alérgicas e imunológicas; todas elas relacionadas de alguma forma à ativação excessiva e prolongadas do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.
Na área do sistema digestivo, é sabido pôr todos que o estresse pode desencadear desde uma simples gastrite, até uma úlcera mas, é principalmente a nível de coração, ou mais precisamente, a nível das coronárias, que o stress pode ser um matador silencioso.
Uma ativação repetida e crônica do sistema nervoso autônomo, numa pessoa que já tenha problemas de lesão da camada interna das artérias coronárias (arteriosclerose), provocadas pôr fumo, gordura excessiva na alimentação, obesidade ou colesterol elevado, etc., vai levar a muitos problemas, tais como:
  • Diminuição do fluxo sangüíneo adequado para manter a oxigenação dos tecidos musculares cardíacos (miocárdio). Isso leva à chamada isquemia do miocárdio, que é acompanhada de dores no coração (angina), principalmente quando se faz algum esforço, e até ao infarto do coração (ataque cardíaco), provocado pela morte das células musculares do coração, pôr falta de oxigênio. A adrenalina tem o poder de contrair esses vasos, agravando o problema de quem já os tem com o diâmetro reduzido pelas placas. O resultado para essas pessoas pode ser até a morte, que muitas vezes acompanha um estresse agudo.
  • Outros problemas comuns são a ruptura da parede dos vasos enfraquecidos pela placa aterosclerótica, ou a trombose (entupimento completo do vaso coronariano). Um pequeno coágulo (trombo) pode desencadear uma cascata de coagulação, que também pode levar à morte. O nível elevado de adrenalina também pode provocar alterações irregulares do ritmo cardíaco, denominadas de arritmias ("batedeira"), que também diminuem o fluxo de sangue pelo sistema cardiovascular.
2.3.1- Outros Sintomas

No campo clínico (somático) os distúrbios ainda ditos neuro-vegetativos são comuns: quadro de astenia (sensação de fraqueza e fadiga), tensão muscular elevada com cãibras e formação de fibralgias musculares (nódulos dolorosos nos músculos dos ombros e das costas, pôr exemplo), tremores, sudorese (suor intenso), cefaléias tencionais (dores de cabeça provocas pela tensão psíquica) e enxaqueca, lombalgias e braquialgias (dores nas costas e nos ombros e braços), hipertensão arterial, palpitações e batedeiras, dores pré-cordiais, colopatias (distúrbios da absorção e da contração do intestino grosso) e até dores urinárias sem sinais de infecção.
O laboratório clínico fornece outros detalhes indicativos da intensa ativação patológica no estresse: aumento da concentração do sangue e do conteúdo de plaquetas (células responsáveis pela coagulação sangüínea), alteração do nível de cortisol, alterações de catecolaminas urinárias e alterações de hormônios hipofisários e sexuais, além dos aumentos de glicemia (açúcar no sangue) e colesterol, este pôr conta do LDL, ou o 'mau colesterol'.
Sintomas psíquicos
Nas ocasiões estressantes, e mesmo fora delas, manifesta-se uma gama de reações de ordem psicológica e psiquiátrica. Ou, pelo menos temporárias, perturbações de comportamento ou exacerbação de problemas sociopáticos.
Os problemas ansiosos com a sintomatologia clínica, além de irritabilidade, fraqueza, nervosismo, medos, ruminação de idéias, exacerbação de atos falhos e obsessivos, além de rituais compulsivos, aumentam sensivelmente. A angústia é comum e as exacerbações de sensibilidade com provocações e discussões são mais freqüentes.
Do ponto de vista depressivo, a queda ou o aumento do apetite, as alterações de sono, a irritabilidade, e a apatia , o torpor afetivo e a perda de interesse e desempenhos sexuais são comumente encontrados.
Existem também as "fugas", que todos conhecemos. Quando não se apela para a automedicação com ansiolíticos, a pessoa refugia-se na bebida e mesmo no consumo de drogas ilícitas de uso e abuso, além de aumentar a quantidade de cigarros fumados, quando for fumante.
São estas as condições da derrocada à qual o estresse leva a pessoa, principalmente quando esta tiver uma personalidade hiper-ativa.
 Causas
Como todas as pessoas são diferentes, no que toca a este assunto, não é possível estabelecer nenhuma regra de ouro para analisar o stress, no entanto, abaixo são descritas situações que normalmente são associadas ao stress no ambiente profissional.
Alterações de Sono
O contínuo atraso do sono causado pelos horários de trabalho, variações do ritmo das atividades sociais e viagens, podem levar à insônia, e por conseqüência ao stress. Por causa dos fusos horários das viagens internacionais, é aconselhável não tomar nenhuma decisão importante antes da readaptação do organismo. Os trabalhadores que possuem um horário noturno ou que trabalhem por turnos, geralmente desfrutam de um sono de má qualidade no período diurno. Má qualidade esta que irá provocar um aumento da sonolência no período de trabalho, muitas vezes responsável por acidentes, desinteresse, ansiedade e stress.
2.4.2- Ergonomia
Não devemos privilegiar apenas as razões emocionais como origem de stress, deste modo o conforto no ambiente de trabalho deve ser considerado. O conforto térmico, acústico, a exigência física, a postura e outros elementos associados ao desempenho profissional são razão a ter em conta como uma causa de stress.
2.4.3- Falta de Estímulos
A falta de estímulos também pode resultar em stress patológico e doença. Uma atividade pode tornar-se muito gratificante quando desperta um grande interesse no indivíduo. As afetividades medíocres, as tarefas repetitivas e/ou desinteressantes podem tornar-se muito "estressantes".
São situações de ausência de solicitação ou sensação de falta de significado para as coisas, que causam stress.
2.4.4- Falta de Perspectivas
Saber ou achar que amanhã será melhor que hoje, é uma das motivações que alivia, minimiza a ansiedade e a frustração do quotidiano. Com a ausência de perspectivas positivas, ou pior, na presença de perspectivas negativas, a pessoa fica totalmente à mercê dos efeitos ansiosos do quotidiano.
Existem ambientes de trabalho onde o futuro é continuamente sombrio.
 Mudanças Constantes
O stress está associado à adaptação do indivíduo, e perante mudanças, o que mais se solicita é a adaptação. Como é obvio as pessoas possuidoras de dificuldades adaptativas irão sofrer mais. Estas mudanças podem devivar de diferentes situações, como mudanças impostas pela empresa, mudanças de tecnologias, mudanças de mercado e etc...
Sobrecarga
A sobrecarga de agentes de stress é um fator importante para a eclosão do stress patogênico no trabalho. Corresponde a um estado em que as exigências excedem a capacidade de adaptação. Os principais fatores que contribuem para esta sobrecarga são: a urgência de tempo; responsabilidade excessiva; falta de apoio; expectativas excessivas do próprio indivíduo e dos circundantes
Como Enfrentar E Diminuir O Stress No Trabalho
O conflito entre as metas e a estrutura das empresas com as necessidades individuais de autonomia, realização e de identidade são agentes "estressores" importantes. Na medida em que há uma oposição entre a realização do projeto do trabalhador e a organização do trabalho, esta impõe uma realidade freqüentemente diferente. Pode-se dizer que a organização do trabalho é a imposição da vontade do outro (Dejours5), da divisão do trabalho, do conteúdo das tarefas, das relações entre os trabalhadores. A desumanização do trabalho, presente na produção em larga escala, tem como característica marcante a mecanização e a burocratização, que se tornam agentes stress antes porque atentam contra as necessidades individuais de satisfação e realização, entre outras. Estes aspectos têm sido destacados por diferentes autores e estão presentes independentemente do sistema políticos dominantes. O filme de Chaplin, "Tempos Modernos", ilustra bem este tema. Embora freqüentemente se faça a correlação entre o ser humano e a máquina, a verdade, é que ele não é máquina! O trabalhador que é transformado em "uma máquina de apertar parafusos", perde a noção do processo de produção como um todo, tem o ritmo de trabalho fora do seu controle e perde o poder de decisão sobre o seu trabalho.
Desta forma, a sua auto-estima fica diminuída, o trabalho não é percebido como importante ou interessante, não percebe que seu esforço é socialmente reconhecido e não há reforço de sua identidade através de sua práxis. Não é difícil interpretar tudo isto como uma ameaça à dignidade humana, pois são justamente estas necessidades - que caracterizei pela ausência - que devem ser satisfeitas no local de trabalho.
O que muitas empresas têm de desumano é o seu próprio modelo de trabalho, um modelo que, diária e sistematicamente, violenta e restringe as reais capacidades de uma pessoa dentro de um escritório ou de uma fábrica. Muito provavelmente estas reais capacidades estão ligadas a potencialidades intelectuais e emotivas, que sofrem constantes negações e sanções a partir de interações pessoais que, embora em nome da produtividade, poucos têm a ver com ela.
Na sociedade atual o modo de vida é "estressante". É uma vida marcada pelo trabalho. Ser o melhor, conseguir mais, e, além disso, ser alegre.
A nível empresarial, é necessário que as empresas se apercebam do estado da sociedade atual, de modo a investir no bem estar e em melhores condições de trabalho, de modo a manter a saúde dos seus funcionários, assim como alteração dos métodos de trabalho que proporcionem mais satisfação aos respectivos funcionários. Assim, os empregados alcançarão níveis mais elevados de produtividade, criatividade e diminuição do índice de acidentes de trabalho. E não são sós os funcionários que ganham com estas acções, por consequência destas, a empresa também sai beneficiada, pois ao aumentar a produtividade dos empregados aumenta também a produtividade da empresa.
Ao nível do pessoal (do indivíduo), existem coisas que no quotidiano podemos realizar para evitar, ou pelo menos diminuir as hipóteses de ficar "estressado", devemos enfrentar o stress de uma maneira mais saudável. De seguida são apresentados alguns conselhos:
  • A inclusão de atividade física regular, preferencialmente que proporcione prazer, no quotidiano, é uma forma de combater o stress, pois através da atividade física, o corpo liberta substâncias que são responsáveis pela sensação de prazer, bem estar físico e mental.
  • Todos os dias, a reserva de alguns minutos, nos quais o indivíduo se sente confortavelmente e concentre na respiração de olhos fechados ajuda a controlar o stress. Aliás, este método é utilizado nos maiores centros médicos do mundo como uma alternativa para diminuir e controlar o stress.
  • Ouvir música que proporcionem prazer e satisfação aos sentidos, é uma ajuda para diminuir o stress, quer o indivíduo se encontre engarrafado no trânsito ou em sua própria casa.
  • Procurar o contacto com a natureza sempre que possível é uma excelente forma de relaxar.
  • Procurar manter horários regulares de sono e alimentação, pois o organismo prepara-se para essas situações e mudanças geram confusão no equilíbrio biológico.
  • Cultivar as amizades. Os amigos são sempre importantes em qualquer ponto da vida, por isso procurar amizades gratificantes quer novas ou antigas. É importante ter alguém com o qual se possa falar e ouvir, de modo a desabafar os sentimentos reprimidos.
  • Por vezes o trabalho árduo não é reconhecido, mas em vez de entrar em desespero, aceitar essas situações é a melhor solução, pois de nada serve resmungar. É necessário aceitar que o mundo não é justo, e lembrar que da próxima vez o favorecido pode ser o que desta vez não o foi.
  • A preocupação com acontecimentos que ainda não ocorreram, não deve ser demasiada, o melhor é resolver um de cada vez.
  • Os erros no trabalho são certamente motivos de embaraço e frustração, mas normalmente, são apenas repreendidos. Não se é despedido por um erro (normalmente), e estes na maioria das vezes são fonte de aprendizagem e tornam as pessoas conscientes para as imperfeições dos outros.
  • Tentar aprender algo com cada pessoa e situação. Aprende-se sempre a trabalhar com outras pessoas, pois cada um tem o seu ponto de vista sobre determinado aspecto. Com uma mente aberta podem ocorrer grandes descobertas.
  • Resistir ao desejo de estar sempre certo. Alguém insistir que está correta é muito "estressante". Normalmente até existe mais que uma resposta certa.


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