quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A meditação e a dor


    
Sente muita dor? A meditação é um famoso analgésico, que diminui a percepção da dor nas pessoas, mesmo após breves sessões. Agora, um estudo revela por que: a meditação muda a forma como o cérebro processa os sinais de dor.
A prática conhecida como meditação envolve sentar-se calma e confortavelmente, e respirar uniformemente. O principal objetivo é limpar a mente, e concentrar a atenção no presente.
Estudos anteriores sugeriram que a meditação reduz a ansiedade, promove o relaxamento e ajuda a regular as emoções. Agora, a nova pesquisa descobriu que a prática de uma consciência atenta do corpo, por apenas quatro dias, afeta as respostas de dor no cérebro.

Depois de meditar, a atividade cerebral diminui em áreas dedicadas à dor e em áreas responsáveis pela transmissão de informações sensoriais. Enquanto isso, as regiões que modulam a dor ficar ocupadas e, consequentemente, a dor é menos intensa e menos desagradável.
O psicológico também interfere: a meditação pode reduzir a dor tornando as sensações físicas menos angustiantes. Todo o contexto da situação e do meio ambiente colaboram; a meditação parece atenuar esse tipo de resposta.
Além disso, não é necessário gastar muito tempo meditando para alcançar o benefício: meia hora de treino por dia durante três dias já alivia significativamente a dor, mesmo quando as pessoas não estão realmente meditando.
Para descobrir como a meditação altera a resposta do cérebro a dor, os pesquisadores reuniram 15 voluntários que passaram 30 minutos por dia, durante quatro dias, aprendendo a meditar. Antes e após o treinamento, os pesquisadores mapearam os cérebros dos voluntários usando ressonância magnética.
Durante, antes e depois de cada mapeamento, os voluntários experimentaram sensações alternativas de calor (49° C) e temperatura neutra (35° C) na panturrilha. Depois de 12 segundos, os voluntários classificaram a sua dor ao pressionar uma alavanca para a direita (se sentiram mais dor) ou para a esquerda (se sentiram menos dor). A posição da alavanca correspondia a uma escala de 1 a 10, com 10 representando a maior dor.

                              A meditação reduziu a percepção de dor nas pessoas em 57%. Os voluntários também relataram que a dor foi 40% menos intensa. Os cérebros dos voluntários espelharam suas percepções alteradas. A atividade caiu no tálamo, uma área profunda do cérebro que retransmite a informação sensorial do corpo para o córtex somatosensorial. O córtex somatosensorial, localizado acima da orelha, é especialista em áreas dedicadas a processamento de sinais a partir de partes específicas do corpo. Nos voluntários que praticaram a meditação, a área do córtex somatosensorial ligada a panturrilha estava “inativa”.
Enquanto isso, áreas associadas com a modulação da dor se tornaram mais ativas. Essas áreas incluíam o córtex orbitofrontal e o córtex cingulado anterior profundo, na região frontal do cérebro. O putâmen, uma estrutura enterrada no centro do cérebro, e a ínsula também mostraram mais atividade. Ambas as estruturas têm muitas funções, incluindo o controle de movimentos de sensibilização e auto-percepção.
Segundo os pesquisadores, a boa notícia é que os estudos têm mostrado que os benefícios da meditação ocorrem rapidamente. Ou seja, você não precisa ser um monge para aliviar sua dor, de forma que a meditação se torna uma opção realista para pessoas que passam por cirurgia ou têm lesões.

A meditação aumenta a capacidade de atenção
Se você achava que os benefícios da meditação estavam limitados a encontrar a paz interior, um novo estudo da Universidade da Califórnia está aí para mostrar o contrário. Os pesquisadores iniciaram a pesquisa com a ideia de tirar do imaginário da população a ideia de que meditação é coisa para monges budistas isolados do mundo, e descobrir afinal o que há de positivo em fazer uma pessoa comum, que vive nas cidades, aderir à meditação.
Para tanto, recrutaram 30 voluntários que se isolaram em um retiro para meditação no estado do Colorado (EUA) enquanto outros 30 participantes seguiram vivendo normalmente no mesmo período, esperando sua vez, tendo suas vidas comparadas com as daqueles que meditavam. Três meses depois que o primeiro grupo terminou seu retiro, o segundo grupo passou pela mesma experiência. Os participantes chamados não eram exatamente iniciantes no assunto. Todos já haviam passado por pelo menos cinco sessões de meditação na vida, e a média de idade dos voluntários era de 49 anos.
Durante o retiro, que durou três meses, os participantes eram periodicamente levados a fazer um teste de concentração e raciocínio. O teste que pretendia medir a atenção era o seguinte: durante meia hora, os voluntários ficavam em frente a uma tela de computador onde apareciam linhas, que corriam através da tela na horizontal. As linhas tinham o mesmo tamanho, exceto por algumas menores. A missão dos participantes era apertar um botão o mais rapidamente quando vissem uma linha menor.
Conforme as semanas de meditação foram avançando, os participantes foram melhorando o desempenho no teste. Depois de sair do retiro, eles continuaram a ser testados com a mesma periodicidade. Até cinco meses depois do início do retiro, o desempenho seguiu aumentando, especialmente naqueles que conservaram o hábito de meditar mesmo depois de sair do isolamento.
Segundo um dos idealizadores do projeto, essa melhora foi observada porque a meditação nos ajuda a manter o foco em coisas das quais o cérebro normalmente quer se afastar. Nesse caso, foi aplicado um teste entediante, segundo as palavras do pesquisador (e vamos concordar: ficar observando linhas passarem por uma tela de computador deve ser realmente chato), e a meditação foi capaz de ajudá-los a manter a atenção.

Modificando seu cérebro em um més com a meditação
o meio da loucura da sociedade moderna, a meditação tem ganhado um status interessante como forma de combater o estresse e melhorar a qualidade de vida. A ioga também cresceu como atividade, justamente por promover um bem-estar espiritual.
Com isso, muitos estudos sobre a meditação foram realizados, para saber, cientificamente, como ela poderia nos beneficiar.
E os resultados, até agora, tem sido maravilhosos: pesquisas mostraram que a meditação alivia a dor,aumenta a nossa capacidade de atenção, melhora nosso sistema imunológico e representa uma maior conexão entre o corpo e a mente do que até mesmo a dança.

Isso tudo tem a ver, então, com a forma como a meditação altera nosso cérebro. Foi o que revelou um novo estudo, uma revisão de pesquisas anteriores sobre a meditação, que descobriu que após quatro semanas de prática (o que equivalente a apenas 11 horas) de meditação nosso cérebro sofre mudanças físicas observáveis.
Os cientistas analisaram os resultados de dois estudos de 2010, um com 45 estudantes da Universidade de Oregon (EUA), e outro com 68 estudantes da Universidade de Tecnologia de Dalian (China).
Durante esses estudos, os participantes praticaram treinamento integrativo de mente e corpo (TIMC), um tipo de meditação intensa. Eles foram submetidos, também, a ressonâncias magnéticas do cérebro.
Após duas semanas de prática, os participantes apresentaram uma maior densidade de axônios, ou fibras nervosas, no cérebro. Ao ficarem mais densas, as fibras nervosas, também chamadas de “substância branca”, aumentaram o número de conexões cerebrais de sinalização.
Após um mês de prática, além do aumento de densidade das fibras nervosas, foi observada também nos participantes a expansão da mielina, um isolamento de proteção gordurosa que envolve as fibras nervosas.
Esses efeitos foram vistos na região do córtex cingulado anterior do cérebro, que ajuda a regular o comportamento. A atividade nesta parte do cérebro está associada a várias doenças mentais, como déficit de atenção, demência, depressão e esquizofrenia.
A mudança nessa parte do cérebro afetou os participantes de forma positiva: eles apresentaram melhoras no humor, níveis reduzidos de raiva, ansiedade, depressão e fadiga, além de níveis mais baixos de cortisol, o hormônio do estresse.
Essa não é a primeira vez que um estudo descobre que a meditação afeta o cérebro, já que um estudo de 2011 também ligou a prática ao aumento da massa cinzenta no hipocampo, uma área do cérebro importante para o aprendizado e a memória.
Aplicações
Segundo os pesquisadores, a meditação pode ser utilizada para combater doenças mentais. A meditação é uma intervenção simples e barata com potencial para melhorar ou prevenir transtornos do cérebro.
“As descobertas deste estudo são notícias boas para todos nós. Se tão pouco quanto 11 horas de treinamento da mente melhora nosso cérebro, essa atividade acessível a qualquer pessoa a qualquer momento pode nos ajudar a desfrutar de mais clareza mental e estabilidade emocional em nossas vidas”, comentou a neurocientista Elena Antonova, do Instituto de Psiquiatria do Kings College London (Inglaterra).

O cérebro antes de depois da meditação



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