terça-feira, 9 de abril de 2013

As mitos e verdades sobre a tecnologia

Usar muito o celular provoca câncer. 
INCONCLUSIVO: embora vários estudos tenham tentado estabelecer uma relação entre o emprego do aparelho e o aparecimento de tumor, a verdade é que tal associação não foi comprovada. Pesquisa recente do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, publicado em junho de 2012, por exemplo, não chegou a nenhuma conclusão sobre a influência dos celulares à saúde. "Até agora, não há evidências de pesquisas em células, animais ou seres humanos que levem à conclusão de que a energia de radiofrequência, emitida pelo celular, pode causar câncer", sustenta o neurocirurgião Maurício Mendel. Para que a doença se desenvolva, é necessário que ocorram danos no DNA, malefício que este tipo de energia não provoca, ao contrário da ionizante dos raios-X. "A radiofrequência, por ser não-ionizante, promove somente produção de calor nos tecidos, sem causar quebra das moléculas de DNA", completa Antônio De Salles, neurocirurgião e neurocientista, com especialização em neurocirurgia funcional pela Universidade de Umea (Suécia), e lesão na cabeça pela Faculdade de Medicina de Virgínia (EUA)
Apesar de não haver evidências da relação entre celular e câncer, as investigações continuam. 
VERDADE: um grande estudo prospectivo de uso do telefone celular, e seus possíveis efeitos em longo prazo sobre a saúde, foi lançado na Europa em março de 2010. Conhecido como Cosmos, vai matricular cerca de 250 mil usuários com idade entre 18 anos ou mais, e segui-los por 20 a 30 anos. Os participantes irão preencher um questionário sobre saúde, estilo de vida e uso do celular atual e passado. "Também está em andamento o Mobi-kids, pesquisa internacional que investiga a relação entre tecnologias da comunicação, fatores ambientais e câncer no cérebro de jovens. Fundado pela União Europeia, envolve grupos de pesquisas em 13 países e avaliará, durante cinco anos, cerca de 2 mil participantes entre 10 e 24 anos", informa o neurocirurgião Maurício Mandel
Mesmo sem estudos conclusivos sobre a relação entre celular e câncer, as pessoas deveriam usar menos o aparelho. 
VERDADE: até porque várias pesquisas ainda estão em andamento. "Exposição sem necessidade e excessivamente prolongada não é aconselhável. Medidas que afastem o celular do contato direto com a pele são aconselhados para quem o emprega muito. E, como é uma tecnologia relativamente nova, sugere-se que crianças não o usem à toa", adverte o neurocientista Antônio De Salles. O neurocirurgião Maurício Mendel recomenda reservar a utilização para conversas mais curtas ou momentos em que o telefone fixo não está disponível; e lançar mão de um dispositivo "mãos-livres" (hands-free), que distancia o aparelho da cabeça do usuário SXC
O ideal é não dormir com o celular perto da cabeça. 
PARCIALMENTE VERDADE: "Não existe comprovação real sobre a questão. Mas, atualmente, existe a recomendação, por algumas agências de saúde, para evitar o uso excessivo do celular", diz o neurocirurgião Maurício Mandel. "O ideal é impedir a emissão contínua de radiofrequência. Portanto, a exposição ao celular, quando este não está sendo usado, é desnecessária e não aconselhável", completa o neurocientista e neurocirurgião Antônio De Salles
Usar o laptop no colo prejudica a fertilidade masculina. 
VERDADE: "Estudos sugerem que a energia WI-FI emitida pelo computador portátil é danosa à mobilidade e integridade dos espermatozoides. É sabido, também, que a temperatura escrotal elevada leva à queda da motilidade e longevidade dos mesmos, portanto diminui a fertilidade masculina. Longo período sentado com o computador produzindo calor, bem como emitindo energia eletromagnética, não é aconselhável ao homem", defende o neurocientista Antônio De Salles Ficar perto do micro-ondas, enquanto o mesmo está funcionando, faz mal à saúde. 
MITO: este eletrodoméstico emite radiação não-ionizante. "E, semelhante ao que acontece com o uso do telefone celular, não existe evidência segura de que sua utilização seja prejudicial à saúde", diz o neurocientista e neurocirurgião Antônio De Salles. Os fornos atuais têm seu interior revestido de metal, que reflete as micro-ondas, conservando-as em seu interior. Ao atingir os alimentos, elas se transformam em calor e praticamente deixam de existir. "A energia produzida, proveniente da radiofrequência, apenas gera calor, não promovendo alterações no corpo humano", completa o neurocirurgião Maurício Mandel .
A comida esquentada no micro-ondas traz substâncias que podem provocar tumores. 
MITO: conforme explicam os neurocirurgiões Maurício Mandel e Antônio De Salles, não há fundamentos científicos para comprovar a afirmação. A agência federal de vigilância sanitária dos Estados Unidos, Food and Drug Administration (FDA), sustenta que os fornos usados de acordo com as instruções dos fabricantes são seguros. De qualquer forma, há suspeita de que os nutrientes se perdem com este tipo de aquecimento: alguns alimentos apresentam menos vitaminas, por exemplo. O ideal, então, é não deixar os itens muito quentes, pelando. Outro problema atribuído ao equipamento diz respeito aos recipientes utilizados: alguns tipos de plástico liberariam substâncias carcinogênicas, como as dioxinas, quando submetidas ao aquecimento no aparelho. "Por isso, vale usar vasilhas de vidro, preferencialmente", diz Mandel A tela do computador prejudica a visão.
 PARCIALMENTE VERDADE: como a maioria dos aparelhos elétricos, os computadores emitem radiação ionizante e não-ionizante. "Porém, a quantidade é tão baixa que não existe prova de que tenha efeito danoso sobre a visão", pondera o neurocirurgião Antônio De Salles. "Ficar horas em frente à tela apenas provocará o ressecamento dos olhos, já que a frequência de piscamento diminui", completa o neurocirurgião Maurício Mandel. O uso continuado da máquina, entretanto, embora não prejudique a visão, tem trazido preocupação em relação ao conforto visual dos trabalhadores. "O problema são as horas extensivas que a pessoa passa forçando a visão. É recomendável fazer intervalos de descanso", recomenda Leôncio Queiroz Neto, membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Isso se torna ainda mais necessário no caso das crianças: o uso exagerado do computador pode levá-las a desenvolver miopia Crianças que usam computador em demasia ficam míopes. 
VERDADE: não por acaso a miopia dobrou nos últimos anos, segundo levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde). Em adultos, o uso intensivo do computador causa desconforto visual, atrapalha o rendimento profissional ou acadêmico, mas, geralmente, se trata de um mal passageiro. Já em crianças, o que acontece é diferente. "Coordenei um estudo em Campinas com 360 pacientes, entre nove e 13 anos, que chegavam a ficar seis horas ininterruptas usando computador ou videogame. Resultado: 21% apresentaram miopia, quando o normal seria no máximo 12%, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. O problema é que nunca a população começou a usar a visão de perto tão cedo", insiste o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto Usar exageradamente o computador deixa os olhos cansados. 
VERDADE: o brasileiro está entre os povos que mais horas passam em frente à máquina no cotidiano. E a grande maioria faz mau uso da tecnologia. Prova disso é que, de um grupo de 1,2 mil pacientes nessas condições, 75%, ou três em cada quatro, apresentaram a "síndrome da visão no computador", quando o índice internacional é de 60%. Tal síndrome é causada pela má lubrificação dos olhos (porque as pessoas piscam menos) e pelo esforço de focalização. "Da mesma forma que ficamos com a musculatura do corpo dolorida por causa dos movimentos repetitivos, o uso prolongado do computador faz com que nossos olhos fiquem exaustos. Os sinais de que está na hora de dar uma pausa são: ardência, dor de cabeça, olho seco e visão embaçada", explica o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto. As dicas para evitar a síndrome: posicionar o monitor 10° a 20° abaixo do nível dos olhos; manter a distância de 60 cm da tela; dar preferência aos monitores LCD antirreflexivos e de tamanho mínimo de 17 polegadas; evitar excesso de luminosidade, no ambiente, de lâmpadas e luz natural, pois as pupilas se contraem e geram cansaço visual; regular a tela com o máximo de contaste e não de luminosidade; piscar voluntariamente; e, a cada hora, descansar de 5 a 10 minutos, no caso de adultos, e de 15 a 30 minutos, se for criança Ver televisão de perto faz mal à saúde dos olhos.
 MITO: pode causar desconforto, mas não prejudica a visão. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, com as TVs cada vez maiores, é comum que as pessoas apresentem, hoje, problemas de convergência, ou seja dificuldade de fundir, em uma só imagem, o que cada olho enxerga. "Isso acontece pela proximidade da tela desproporcional ao tamanho do ambiente. Por isso, quem vê TV de perto acaba sentindo dor de cabeça, dor nos olhos e lacrimejamento. Porém, são problemas temporários, sem malefícios para a visão". Por fim, o médico explica qual a distância ideal: sempre maior que duas vezes e meia a dimensão da tela. "Considerando que cada polegada é igual a 2,54 cm, para assistir a uma TV de 50 polegadas com conforto visual, a distância deve ser em torno de 3 metros, conforme o cálculo: 50 x 2,5 (duas vezes e meia a dimensão da tela) = 125 polegadas x 2,54 cm = 317 cm ou 3,17 m." Dica: pais devem ficar atentos a crianças que insistem em se aproximar muito do aparelho. Em geral, são míopes, e a falta de óculos de grau atrapalha o desenvolvimento. Mais: a instalação deve ser feita na altura dos olhos e a posição correta é sempre de frente para o equipamento. Outro cuidado é com a iluminação: nem muito forte, para não causar ofuscamento, e nem escura demais, de forma a não aumentar o contraste e cansar os olhos Crianças que não se posicionam corretamente em frente ao computador podem ter problema de visão.
 VERDADE: isso acontece, especialmente, quando ficam com a cabeça torta. Prontuários de 835 pacientes, com idade de 6 a 14 anos e atendidos no Instituto Penido Burnier de Campinas (SP), mostram que a má postura frente à tela dobrou a incidência do olho preguiçoso, também conhecido como ambliopia, em relação à prevalência nacional de 4%. "Os pais devem estar atentos ao ajuste ergonômico do equipamento quando o uso é compartilhado entre adultos e crianças. Isso porque, até a idade de oito anos, nossos olhos estão em desenvolvimento e precisam receber quantidades iguais de estímulos visuais. Qualquer bloqueio que não seja corrigido neste período causa danos irreversíveis ao olho de menor visão. É por isso que a recomendação é fazer a primeira consulta oftalmológica aos três anos, quando os pais não usam óculos de grau, e aos dois anos quando usam", salienta o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto. Anote os sinais de que a máquina está mal ajustada para o pequeno: ele tomba a cabeça para um lado; tem perda parcial de reação aos movimentos ao redor; apresenta queda no rendimento escolar; reclama de dor de cabeça; e evita atividades esportivas. "O tratamento do olho preguiçoso é simples e barato: consiste em ocluir o olho de melhor visão para estimular o desenvolvimento do mais fraco. A falta dessa terapia faz do olho preguiçoso a maior causa de cegueira monocular entre crianças. Uma doença evitável que depende da atenção dos pais"
O vício em internet causa danos físicos e emocionais ao indivíduo. VERDADE: "Qualquer atividade, quando realizada em excesso, pode causar danos físicos. Em relação aos emocionais, varia de pessoa para pessoa, pois depende do quanto tal modalidade interfere e prejudica o indivíduo", considera a psicóloga e psicanalista Cynthia Boscovich. Entre os sintomas físicos, destacam-se taquicardia, sudorese, secura na boca e tremedeiras; a longo prazo, comprometimento da postura, lesões por esforço repetitivo (LER, como tendinite) e obesidade ou desnutrição (pela má alimentação). Agora, os emocionais: angústia (nos momentos em que fica longe do computador), ansiedade, inquietação, baixo rendimento acadêmico e profissional, disfunções do sono e vários problemas sociais. "Quando alguém, por causa do acesso constante à internet, deixa de realizar atividades que antes desenvolvia, tem seus relacionamentos prejudicados e vê seu dia a dia muito interferido, provavelmente está viciado, sim, e em alguns casos é possível até falarmos em doença". O distúrbio atinge cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, segundo estudos da La Salle University, nos Estados Unidos. Para alguns médicos e especialistas, a dependência já é considerada tão crônica quanto a de substâncias como álcool e cocaína. Reconhecido pela Associação Americana de Psicólogos, ganhou o nome de Internet Addiction Disorder (Disfunção do Vício de Internet). Quem apresenta o problema tem pensamentos obsessivos do que pode estar acontecendo na "rede" e, lentamente, muda suas rotinas para passar cada vez mais tempo conectado, a tal ponto que a internet passa a controlar sua vida Videogame, em excesso, pode incitar o usuário à violência. INCONCLUSIVO: não há pesquisas que comprovem que isso é verdade. Conforme explica a psicóloga Cynthia Boscovich, "não há como saber ao certo se videogame, filmes ou outros instrumentos similares levam alguém a cometer atos violentos, pois tais comportamentos variam de pessoa para pessoa". Mais que isso, tudo depende das condições que cada um dispõe para diferenciar fantasia e mundo virtual da realidade, e também das características de personalidade Uso prolongado do computador ou celular causa problemas nas articulações motoras utilizadas na digitação.
VERDADE: o emprego continuado desencadeia lesões por esforço repetitivo (LER), principalmente em se tratando do celular. "Teclar com os polegares, pressionando as laterais do celular com a palma da mão, pode estressar os músculos e tendões", informa o neurocirurgião Antônio De Salles, acrescentando que estudos das Universidades de Boston e Cincinnati, nos Estados Unidos, sugerem que adolescentes que emitem mais de 2.000 mil mensagens por mês reclamam constantemente de tendinite. "O desconforto de se enviar textos no celular é bem maior e mais prejudicial do que o uso de um teclado de computador comum". O neurocirurgião Maurício Mandel complementa dizendo que ficar horas digitando origina microlesões em tendões e dor local A luz do computador causa danos à pele. 
VERDADE: não somente os raios solares ultravioleta A e B (UVA e UVB) geram estragos na pele, a luz artificial também pode ser nociva. "O computador ocasiona a dermatite de tela, com quadro semelhante à rosácea (vermelhidão, ardência e bolinhas nas bochechas), além de piora nas manchas em quem tem predisposição. Por isso, o protetor solar é indispensável", destaca Bethânia Swiczar, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. "A luz emite uma radiação capaz de alterar o DNA, propiciando envelhecimento cutâneo precoce. Apesar de serem menos intensos e prejudiciais que a radiação solar, há que se considerar os efeitos cumulativos. Nesse contexto, as telas dos computadores exercem boa influência negativa nos dias atuais", pondera o dermatologista Fernando Passos de Freitas, formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos (SP), com pós-graduação em medicina estética. Bethânia Swiczar ainda lista outros problemas que podem surgir: lesões induzidas por friccção da mão, originando calosidades; dermatite de contato alérgica pela exposição a produtos químicos em acessórios como mouse, teclado e almofadas de apoio, com placas vermelhas e coceira; e eritema decorrente da colocação do laptop sobre a pele, geralmente as pernas, resultando em manchas com vasinhos
Passar o dia todo sentado, teclando em frente ao computador, pode trazer problemas na coluna. VERDADE: erros de posicionamento, se acontecem de forma repetitiva, têm grandes chances de ocasionar dores na coluna. "Inicialmente, os desconfortos são sempre musculares. A longo prazo, a postura incorreta leva a alterações degenerativas da coluna, como artrose, bico de papagaio e hérnias de disco", diz o neurocirurgião Maurício Mande
Pessoas com dificuldade de sair da "rede", e se desconectar, podem apresentar privações ou mudanças no sono.
VERDADE: ter uma noite repousante depende de uma série de fatores. "Um indivíduo que demora para desconectar da web, e está muito "ligado", possivelmente apresentará dificuldade em entrar no estado inicial do sono, que exige um grau de relaxamento mínimo", diz o neurocirurgião Maurício Mandel. Não à toa, os distúrbios do sono acompanham os viciados em internet. Estudo recente do Rensselaer Polytechnic Institute em Troy, Nova York (EUA), mostrou que mesmo uma exposição de duas horas a qualquer dispositivo de iluminação de fundo (smartphone, tablet, laptop etc) suprime a capacidade do organismo de produzir melatonina, hormônio que ajuda a regular o relógio biológico do sono
Uso do controle remoto e horas na frente do computador ajudam a aumentar a obesidade mundial. 
VERDADE: a obesidade é consequência de diversos fatores e um dos mais importantes é o sedentarismo. "As pessoas têm de encontrar algum meio de compensar a diminuição da atividade física acarretada pelo uso de controles remotos e facilidades da vida moderna, além, claro, do ócio resultante das muitas horas que passam conectadas, sem mexer o corpo", enfatiza o neurocirurgião Maurício Mandel. O mesmo estudo do Rensselaer Polytechnic Institute em Troy, Nova York (EUA), que mostrou a relação entre exposição excessiva à iluminação de fundo de gadgets e alterações no sono, comprovou outros malefícios ao exagero, como aumento do risco de diabetes e obesidade. E, segundo pesquisas publicadas no "The Journal of Pediatrics", mais de 70 mil adolescentes de 34 nações estão com sobrepeso ou obesos devido ao estilo de vida sedentário, isto é, passam três horas ou mais por dia assistindo TV ou em jogos de computador. De acordo com o relatório, apenas 25% dos rapazes e 15% das meninas fazem exercício. Isso poderia mudar: basta realizar modalidades em academia ou até caminhar, correr e praticar esportes com regularidade

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